Os artistas (carpinteiros, pintores, trolhas, pedreiros, mineiros…) trabalhavam normalmente a seco, isto é, a comida e bebida corriam por conta própria. Levavam as refeições numa marmita ou, quando o local de trabalho era mais perto, eram levadas na hora por algum familiar. Também me coube, uma certa vez , esta incumbência. E recordo-a por a caminhada ser bem longa. Tinha eu nove anos, trabalhava o meu pai na casa de Monsenhor Manuel de Almeida, em Pimeirol. A povoação de Moumiz era-me familiar. A Pimeirol nunca tinha ido, mas com as indicações recebidas lá fui ter direitinho. Ficou-me sempre viva na memória a eira (agora chamada Largo Monsenhor Manuel Almeida) e a capela, agora revisitadas com emoção aquando do 3.º percurso pedestre, organizado pela Associação de Amigos de S. Cristóvão. Tive também oportunidade de visitar a casa onde nasceu e viveu Monsenhor Almeida, uma figura corajosa que se destacou, aquando dos conturbados tempos da 1.ª República, como estudante candidato ao sacerdócio em Lamego, , pelo direito da Igreja exercer livremente o seu múnus e de as pessoas poderem manifestar publicamente as opções e práticas religiosas. Foi durante vários anos o braço direito de vários bispos e o vigário geral da diocese de Lamego. Foi ele que me crismou. Recordo a sua chegada à capela das Quintãs, montado num cavalo, onde o esperava um arco de palmeiras e meia dúzia de foguetes.