quarta-feira, novembro 30, 2005

A "Fraguinha" de Feirão

Ao passar no passado sábado em Feirão, fui transportado para tempos da minha infância. Era já jovem quando conheci esta freguesia, mas ainda criança conheci a "Fraguinha" de Feirão. Foi na época das castanhas, em tempo de frio. Tinha vestida uma capuchinha e aparentava ter cerca de 50 anos. Pareceu-me ser uma senhora muito simpática, correspondendo ao perfil compartilhado pela totalidade das pessoas. Lembro-me de ter cantado umas quadras e ter evocado algumas passagens da Bíblia. A minha mãe deu-lhe uma malga de sopa e uma esmola. A "Fraguinha" agradeceu com um Pai Nosso e rezou pelas almas do Purgatório.
Voltou mais vezes, sendo sempre recebida com muita simpatia. Era uma pedinte carismática, pela alegria que a todos contagiava. Apesar de atingida pela amargura da vida, não era uma pessoa sofrida. Constitui uma lição para a presente geração, muito centrada em si mesma, pouco tolerante nas contrariedades e pouco treinada para a recompensa diferida.
Como diria Eça de Queirós, o mal de muita gente é sofrer de fartura...

terça-feira, novembro 29, 2005

Exposição de pintura e artes decorativas da Dra, Fátima Leite

Encontra-se patente no espaço do posto de turismo de Resende, desde 26 de Novembro e até 15 de Dezembro, uma exposição muito diversificada e sobre motivos vários de pintura e artes decorativas da Dra. Fátima Leite. Fui hjoje visitá-la e gostei muito. Prometo revisitá-la. Os preços para possíveis interessados são acessíveis, indo desde a dezena e meia de euros até a algumas centenas.
Transcrevendo o desdobrável disponível, a Dra. Fátima Leite nasceu no Porto em 1952, residindo em Vila Nova de Gaia. Médica de profissão, está muito ligada ao Douro e a Resende, onde tem raízes familiares e onde se desloca com frequência. Dedica-se à pintura e artes decorativas desde 2003, tendo frequentado vários cursos, desde pintura em seda, "découpage", limo, pirogravura, pinturas em vidro, etc. Participou em múltiplas exposições.
É bom saber que resendenses ou gente com raízes em Resende se destacam nos seus talentos, criando cultura de qualidade.
Parabéns por esta iniciativa. A não perder.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Morte dramática de uma idosa na Panchorra

Uma mulher de 9o anos, que vivia sozinha, morreu, no passado sábado, num incêndio que deflagrou na sua casa, na Panchorra.
Infelizmente, numa sociedade envelhecida, cada vez se registam mais ocorrências deste teor. Estes acontecimentos devem interpelar os residentes e os responsáveis locais para que aos casos mais vulneráveis seja fornecido suporte adequado para fazer face a imprevistos.
É irónico que isto aconteça numa terra que sempre organizou a sua vida comunitária num espírito de interajuda. O exemplo mais significativo reside no costume de vigia. As ovelhas de todos os moradores eram(serão ainda hoje?) guardadas e levadas para os pastos à vez por dois vigieiros dia.

sábado, novembro 26, 2005

Feirão em "O Crime do Padre Amaro" de Eça de Queirós

Motivos da região de Resende inspiraram e estão presentes em vários romances de Eça de Queirós. É natural, pois o mesmo conhecia muito bem a nossa terra, pelas múltiplas visitas que cá efectuou na companhia do conde de Resende. A título de exemplo, o grande romancista elege Feirão como a primeira paróquia do jovem Padre Amaro, antes de ser tranferido, passado uns meses, para Leiria.
Vale apena transcrever o registo mais significativo:
Dois meses depois Amaro foi nomeado pároco de Feirão, na Gralheira, serra da Beira Alta. Esteve ali desde Outubro até ao fim das neves.
Feirão é uma paróquia pobre de pastores e naquela época quase desabitada. Amaro passou o tempo muito ocioso, ruminando o seu tédio à lareira, ouvindo fora o Inverno bramir na serra. Pela Primavera vagaram nos distritos de Santarém e de Leiria paróquias populosas, com boas côngruas. Amaro escreveu logo à irmã contando a sua pobreza em Feirão; ela mandou-lhe, com recomendações de economia, doze moedas para ir a Lisboa requerer. Amaro partiu imediatamente. Os ares lavados e vivos da serra tinham-lhe fortificado o sangue; voltava robusto, direito, simpático, com uma boa cor na pele trigueira."

Feirão é ainda referida mais algumas vezes, no início do romance, como sendo uma paróquia pobre e rural, mas com efeitos positivos na saúde do Padre Amaro.

Embora com poucos pastores e sem casas de colmo, será que Eça de Queirós ainda reconheceria Feirão, se ´"cá" voltasse?

quinta-feira, novembro 24, 2005

Tranquilidade em Resende

Ao invés do que se tem passado em concelhos vizinhos (Cinfães, Mesão Frio, Amarante e Marco de Canaveses), em que têm ocorrido vários roubos e assaltos, havendo até a registar e a lamentar uma morte violenta em Cinfães, Resende tem gozado de uma relativa tranquilidade, o que é positivo para quem cá vive e para quem nos visita.
Estes acontecimentos, contudo, devem servir para que, sem alarmismo e discretamente, as pessoas, em articulação com a GNR e outras entidades, tomem as medidas de precaução e de prevenção mais adequadas.

terça-feira, novembro 22, 2005

Para avivar a memória

Num tempo de desencanto e comodismo, em que muitos jovens nem chegam a recensear-se e em que importa enobrecer a opção pela vida política e participação cívica, é interessante recordar as restrições à capacidade eleitoral, imposta pelo chamado Estado Novo, através da Lei n.º 2015, de 28.05.1946.
Segundo a mesma, eram eleitores e, como tal recenseáveis:
"1.º Os cidadãos portugueses do sexo masculino, maiores ou emancipados, que saibam ler e escrever português;
2.º Os cidadãos portugueses do sexo masculino, maiores ou emancipados, que, embora não saibam ler e escrever, paguem ao Estado e corpos administrativos quantia não inferior a 100$oo por algum ou alguns dos seguintes impostos: contribuição industrial, contribuição predial, imposto profissional e imposto de capitais;
3.º Os cidadãos eleitores portugueses do sexo feminino, maiores ou emancipados com as seguintes habilitações mínimas:
a) Curso geral dos liceus;
b) Curso do magistério primário;
c) Curso das escolas de belas artes;
d) Curso do conservatório nacional ou do conservatório de música do Porto;
e) Curso dos institutos industriais e comerciais.
4.º Os cidadãos portugueses do sexo feminino, maiores ou emancipados que, sendo chefes de família, estejam nas demais condições fixadas nos n.ºs 1.º e 2.º
Para efeitos do disposto neste número, consideram-se chefes de família as mulheres viúvas, divorciadas, judicialmente separadas de pessoas e bens ou solteiros que vivam inteiramente sobre si;
5.º Os cidadãos portugueses do sexo feminino que, sendo casados, saibam ler e escrever português e paguem contribuição predial, por bens próprios ou comuns quantia não inferior a 200$00".

segunda-feira, novembro 21, 2005

Ainda a propósito de castanhas e castanheiros

Ainda há relativamente poucos anos, os castanheiros representavam para numerosas famílias uma fonte alimentar e um bem económico insubstituível. Sob esta última perspectiva, constituíam uma espécie de conta a prazo com rendimento anual garantido (proveniente da venda das castanhas) e com proveitos extrordinários (proveniente da venda da madeira). Mas funcionavam também como uma fonte alimentar importante (sobretudo cozidas e sob a forma de falachas) na época do frio.
Ao contrário, nota-se hoje um desinvestimento e abandono nesta área, associados a uma espécie de resignação. Deixou-se de plantar castanheiros. O panorama geral são soitos por limpar ou queimados. É a degradação florestal.
Parece-me urgente inverter esta situação a partir de iniciativas locais, que envolvam, entre outros, os serviços florestais do Ministério da Agricultura com o objectivo de garantirem a informação necessária, a formação específica e a orientação técnica. As Juntas de Freguesia, pela sua proximidade com as populações, como agregadoras de vontades, poderão desempenhar um papel importante nesta mudança de rumo.

sábado, novembro 19, 2005

Outono com castanhas (de Paus)

Neste tempo outonal, já sabe bem o aconchego de uma lareira. O prazer será ainda maior, se, em família e/ou com amigos, estiverem também presentes castanhas para calmamente se irem assando. O ritual do corte, colocação no lume, descasca e degustação final são um óptimo pretexto para um ameno convívio.
E há um suplemento de satisfação, pela marca dos "afectos" e da diferença de sabor, se, por coincidência, as castanhas forem provenientes do concelho de Resende.
A relação com as castanhas resgasta memórias do passado, fazendo reviver um período anual em que as pessoas eram moldadas pela importância económica e alimentar deste fruto, condicionador de alterações substanciais nas rotinas familiares. Basta recordar que as crianças das famìlias mais modestas tinham de conciliar a vida escolar com a apanha diária da castanha, ao invés das mais abastadas que, podiam contar com a colaboração das gentes da serra do Montemuro, em troca de alojamento frugal, parcas refeições e uma saca final de castanhas.
Fica desse tempo a varejadura dos castanheiros, a "brita" dos ouriços, a agitação do transporte, o movimento dos compradores e as notícias "céleres" de alterações de preços.
Experiências que foram enriquecendo vidas.
P.S. Outrora, a vida decorria e dependia de "outras" lareiras.

terça-feira, novembro 15, 2005

Parabéns à Equipa de Futsal de S. Martinho de Mouros

Parabéns ao Clube Desportivo, Recreativo e Cultural (CDRC) de S. Martinho de Mouros pela brilhante carreira da sua equipa de futsal. Merece justo realce pelo facto de ter sido classificado, na época passada, no 3.º lugar do campeonato distrital da 1.ª Divisão da AF de Viseu.
As suas responsabilidades irão aumentar, no presente ano desportivo, na medida em que a equipa de júniores irá também participar no campeonato distrital.
As modalidades desportivas, quando briosamente desempenhadas, são óptimos veículos de promoção das respectivas localidades/regiões. É o caso do CDRC de S. Martinho de Mouros que, devido aos seus êxitos na área do futsal, é um óptimo embaixador de Resende. Além disso, deve-se-lhe também ser atribuída uma quota de responsabilidade no nível de auto-estima de todos os resendenses e conterrâneos.
É com muita satisfação que registo este êxito desportivo relacionado com S. Martinho de Mouros, já que Paus, donde sou natural, sempre esteve ligado àquela freguesia. Por questões familiares, tenho até uma dívida de gratidão para com S. Martinho de Mouros, pois o meu pai, de nome Alfredo Borges (profissional da construção/reparação civil) foi sempre muito bem acolhido pelas gentes e "artistas" de S. Martinho. Era aí que se sentia bem.
Força a todos os atletas e dirigentes do CDRC. Saudações especiais aos jogadores de Paus.
Aconselho visitas regulares ao sítio do CDRC, cujo endereço é http://smmfutsal.com.sapo.pt

sexta-feira, novembro 11, 2005

Desilusões

Na última deslocação a Resende, em 29 e 30 de Outubro, deparei com três factos que me desiludiram:
  1. O pavilhão multiusos (antigo celeiro) não apresentava qualquer iniciativa de natureza cultural;
  2. O posto de turismo encontrava-se encerrado no domingo à tarde;
  3. A situação do arranjo da estrada de Paus não sofreu alterações desde o fim do Verão.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Para quando a construção do Hospital de Lamego?

Tendo em conta a disponibilização das verbas do PIDDAC para 2006, parece que o início da construção do Hospital Distrital de Lamego é atirado para as calendas gregas.
Perante mais esta aleivosia, os presidentes dos Municìpios do Douro Sul, entre os quais o de Resende, reunem-se esta semana para arquitectarem a estratégia que faça reverter a situação.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Aposta no turismo

O nosso concelho tem condições únicas para a aposta estratégica no turismo como motor de desenvolvimento e criador de emprego. Basta referir o património arquitectónico ímpar (caso das três igrejas de estilo românico), a beleza contrastante ribeirinha e serrana, o encanto das cerejeiras em flor, a variedade e qualidade da gastronomia e a tipicidade de algumas tradições (recolhidas e difundidas, nomeadamente, pelo rancho de Paus).
As intervenções já realizadas ou em curso, tais como a criação do Parque Fluvial de Porto de Rei, a 2.ª fase das obras da marina e cais das Caldas de Aregos, a construção do auditório municipal e a transformação do antigo celeiro em equipamento cultural e da antiga cadeia em museu, favorecem e potenciam esta aposta.
Torna-se imprescindível garantir a utilização, através de iniciativas válidas, dos vários equipamentos, transformando-os em factores de atracção, e facilitar o acesso e as visitas aos locais de interesse.
Simultaneamente, e a requalificação do espaço ribeirinho das Calda de Aregos facilitará isso, importa "ganhar" os turistas dos barcos do Douro.
Como factor positivo, talvez devido às transformações ocorridas na requalificação da vila e às iniciativas nas áreas da animação e cultura, tornando Resende mais aprazível, parece notar-se ultimamente um dinamismo sobretudo no turismo "interno" (de pessoas nascidas no concelho e a residir fora e de pessoas provenientes de concelhos vizinhos).

domingo, novembro 06, 2005

Resende no EXPRESSO

A secção Fim de Semana do Guia do último número do EXPRESSO coube a Resende com o título "Descobrir as aldeias do Douro". Poderá constituir uma boa achega para que as pessoas nos visitem.
O articulista José Pereira começa por reconhecer: " O município de Resende integra aquele rol singular de territórios portugueses aos quais não basta terem sido moldados pelo cinzell da natureza e possuirem riqueza histórica, patrimonial e artística, para serem visitados por magotes de forasteiros. A procura tem crescido, mas é lenta e, por isso, há que continuar a suar as estopinhas para vencer barreiras turísticas que de todo não deveriam existir."
A peça, enriquecida com algumas fotografias, enquadra bem todos os pontos de interesse para o visitante.
Para os leitores do EXPRESSO são veiculados motivos de interesse para uma visita à nossa terra, perpassando uma boa imagem de Resende.

sábado, novembro 05, 2005

Homenagem póstuma ao último oleiro de Fazamões

Infelizmente, a arte da olaria, com grande tradição em Fazamões-Paus, extinguiu-se com a morte deste grande artista, que projectou a nossa terra a nível nacional.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Douro no "Le Figaro Magazine"

O último número do Le Figaro Magazine insere uma reportagem sobre a beleza e as potencialidades turísticas da região do Douro vinhateiro.
Apresenta algumas fotografias relativas à encosta do rio, à vindima e sova das uvas na quinta da Pacheca, aos azulejos da estação do Pinhão e aos jardins da Casa Mateus.
O Douro está na moda. Como porta de entrada na região vinhateira, o concelho de Resende está bem posicionado para poder usufruir das especificidades deste turismo.