domingo, dezembro 31, 2006

Presépios do Seminário de Resende


E porque hoje é domingo, Anselmo Borges escreve no DN sobre o Ano Velho, Ano Novo (link).

sábado, dezembro 30, 2006

Presépio da capela da Granja/Ovadas

Vamos à Santa Missa

Vamos à Santa Missa,
Vamos assestir a ela;
Com sacrefiço d'amor,
Desce Deus do Céu à Terra.

Menistro de Santuairo,
Já lá vem da sancrestia;
Está minh'alma contrebada,
Vinde-le dar alegria.

Sançardote do Denhor,
Já lá vai para o altar;
Sagradas são vossas mãos,
Donde Jesus vai pusar.

Quem me fora pomba branca,
Tivera asas e voara...
Voaram inté à glória,
Que lá no Céu Vos louvara.

(Canção originária de Ovadas de Cima, retirada do "Cancioneiro de Resende)

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Presépio da igreja da Panchorra

Vamos "Vê-la" Barca Nova

Vamos vê-la barca nova,
Que fizeram nos pastores;
Nossa Senhora vai nela,
Os anjos são guiadores.

Nossa Senhora faz meia,
O fio é feito de luz,
O novelo é lua cheia,
As meias são p'ra Jesus.

Vamos dá-la espedida,
Dela dada, vou-m'embora,
Que se 'stá fazendo tarde
Pera quem tão longe mora.

As espedidas seja dada,
Dada seja a espedida;
Estes Reis que nos deram,
No Céu seja agardecida.

(Canção originária da Panchorra, retirada do "Cancioneiro de Resende")

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Presépio de Feirão
















Lá na Noite de Natal...


Lá na noite do Natal,
É uma noite d'alegria;
Caminhava S. José
E mai-la Virgem Maria.

Caminhavam p'ra Belém,
Para lá chegar com dia;
Quando a Belém chegaram,
Já meia-noite seria.

Era tamanha a desgraça,
Que nem um panal havia!
Desceu um anjo do Céu à Terra,
Lindos panais trazia.

Tornou a subir ao Céu,
Cantando a Aleluia,
Lá no Céu le perguntaram
Como ficou lá Maria.

A Maria ficou boa,
Numa sala recolhida,
As paredes eram d'oiro,
As portas de prata fina.

Qual seria o "lavrador"
[Que] tanta prata lavraria?
Foi nosso Redentor,
Filho da Virgem Maria.

Quem diremos nós que viva?
Nós não queremos ficar mal...
Vivam pequenos e grandes,
Vivam todos em geral.

(Canção originária de Feirão, retirada do "Cancioneiro de Resende)

Presépios de igrejas e capelas de Resende

Cada vez mais, o Natal é uma festa secularizada em que os símbolos são o pai natal e a árvore de natal. Por exemplo, só cerca de 14% de franceses acham que esta festa é sobretudo religiosa. Por isso, os presépios são cada vez mais afastados das casas particulares e dos espaços públicos, sendo remetidos para os espaços de culto. Mas é bom que convivam com todos, incluindo não praticantes, agnósticos e ateus, para que o Natal não desemboque numa efeméride totalmente profanizada. Infelizmente, ao percorrer algumas igrejas e capelas do concelho numa visita a presépios, cujas fotos aparecerão a partir de hoje neste blogue, tomei conhecimento que a concepção e arranjo de alguns não envolveram a participação de crianças e jovens da comunidade.
Sobre este percurso, gostaria de acrecentar duas notas: i) as pessoas mostraram-se muito ciosas do seu património, pois, por precaução, acompanharam-me sempre, exceptuando o caso de alheamento de um jovem que se manteve imperturbável ao ver-me abrir a porta da igreja (as chaves encontravam-se na mesma); ii) foi um pretexto, em pleno inverno, para ver casas de colmo, vários canastros, muitas levadas de água pela serra abaixo, alguns pastores e bastante gado e, sobretudo, para revisitar a ponte velha sobre o rio Cabrum (ligando Covelinhas a Ovadas) e a torre da Lagariça, destacadas aqui em fotos. Algo que só um passeio permite.
A partir de hoje, neste blogue, será reproduzida uma foto de vários presépios de igrejas e capelas do concelho, acompanhada de uma cantiga de Reis originária da respectiva localidade e retirada do "Cancioneiro de Resende".

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Outro Natal

Para reviver outras paisagens, cheiros e sabores, estou de regresso de uma viagem relâmpago à nossa terra. Ontem, às 11h, estava a chegar à zona de S. Cristóvão, onde, à volta, ainda havia muito codo e "candeias" de gelo em forma fálica.
Na descida para o vale, pela visibilidade dos fumos a sair da chaminés, não havia dúvidas que as lareiras crepitavam.
À tardinha, o P. Tomás juntou na capela de S. Gonçalo a pequena comunidade das Quintãs, onde, em celebração, todos reviveram o legado essencial daqueles que nos precederam, ficando mais revigorados os elos de amizade e de vizinhança.
À noite, esperavam-me, como aperitivo, umas moiras que valeram bem uma longa viagem, e que as "glândula gustativas" reconheceram como únicas. Todas as outras são moiras abastardadas.
Hoje de manhã, fiz a vontade à minha costela rústica, entregando-me à poda. Depois, foi almoçar, ida ao café e o ritual da despedida, ficando a preocupação pelo estado de saúde da D. Adelaide (ataques permanentes de asma).
E enfim, a viagem de regresso, com passagem no Montemuro, pelas 17h, onde assisti a um deslumbrante pôr de sol de inverno.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Aventuras em torno do pinheiro de Natal

Cá em casa, os mais novos exigem um pinheiro "descomunal", que chegue pelo menos ao tecto. Este ano, atrasei-me na encomenda. Perante a minha desolação frente a uma espécime de pigmeus, o fornecedor lá me foi dizendo que passasse dali a três dias. "Talvez ainda se arranje qualquer coisa". O que é certo é que, durante toda a semana, não pude por lá passar. Cheguei assim às vésperas de Natal sem o dito pinheiro. Mas ele não podia faltar. Muni-me de um pequeno serrote e pensei: amanhã de manhã, vou à procura do dito. Impus-me duas condições: ser um abate "fitossanitário" e discreto.
Passei junto ao primeiro pinhal, mas fui em frente, devido ao muito movimento de carros. Mais à frente, virei para uma estrada camarária, praticamente deserta, mas desisti, pois vi dois carros estacionados, cujos donos deviam ser caçadores. Deixei a zona, andei cerca de 5Km e encontrei novo pinhal. Virei para um "carreiro asfaltado" e pensei que era o local ideal para cometer o delito. Mas, passados uns 500 m, fui desembocar numa pequena aldeia. Nada feito.
Voltei para outra zona, cheia de pinheiros. E pensei: agora é que vai ser. Enfiei para uma estrada secundária e parei para observar o terreno. Quando já estava escolhido o pinheiro, aproximou-se um senhor de motorizada com cara de poucos amigos. Cheguei a recear o pior. Desisti e meti por outra estrada. Outro azar. Deparei com um grupo de homens a pedalar em passeio matinal. Esperei. Agora, era uma patrulha de escuteiros em manobras. Achei que já era demais e resolvi voltar para casa. Desanimado.
Pelo caminho, pensei: estás a ser um cobardolas. Tinha de aparecer em casa com o pinheiro. Lembrei-me então que tinha passado por um sítio com entulhos, onde estava escrito: "vende-se terreno". E cogitei: é o local ideal. Pus-me a caminho. Chegado ao cenário, paro, saio da estrada, estaciono junto ao entulho e observo à volta. Vejo um carro parado que, perante a minha presença, se pôs em andamento. Hesitei: estará a espiar-me? Mas estava decidido. Fui escolher um pinheiro tosco. Serrei-o, pu-lo na carrinha e liguei a ignição. Contudo, a surpresa final estava para vir. Estaciona um carro ao meu lado e pensei: agora é que estou mesmo f... Abri o vidro e perguntei "o meu amigo precisa de alguma coisa? Ao que ele me responde: "não; estacionei por causa de atender um telefonema".

domingo, dezembro 24, 2006

Porque é Natal

Aqui (link) se deixa o convite para uma visita ao site da diocese de Lamego, ficando, assim, a conhecer a mensagem de D. Jacinto Botelho a propósito desta quadra.
Em registo de reflexão, Anselmo Borges escreve no DN de hoje sobre o Natal de Jesus, Natal do Homem (link).

sábado, dezembro 23, 2006

O imaginário do presépio e das canções de "imbelar"

O presépio, cá em casa, sempre teve um papel importante, havendo a preocupação para que fosse obra de todos, sobretudo dos mais novos. A começar pela apanha do musgo até ao retoque final, mesmo que não resultasse em obra-prima.
O modo como se constrói o imaginário pode influenciar o rumo de uma vida. A luz pode sempre acender-se, indicando caminhos.
O presépio é a representação de uma história fantástica, a realização do maravilhoso na pessoa de um Menino, a tentativa mais conseguida da humanização de Deus, que nos era recontada nas cantigas de imbelar, como esta (a seguir reproduzida), originária de Córdova/Paus, que ainda ecoa no nosso imaginário.
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O Menino vai no berço
.
O menino vai no berço,
Embrulhado no cobertor,
Os anjinhos vão cantando:
Louvado seja o Senhor!
.
Os meninos estão no berço,
Embalando S. José,
Os anjinhos vão cantando:
"Glória Pátria Dominé"!
.
O meu menino Jesus,
Capitão da Santidade,
Divino Embaixador
Da Santíssima Trindade!
.
Ó meu menino Jesus,
Que tendes na mão, que cheira?
A camisa do menino,
Que veio da lavadeira.
.
(Do Cancioneiro de Resende, compilado por Vergílio Pereira, 1957)

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Moleira, Linda Moleira!

Moleira, linda moleira,
Ai! feiticeira, linda felor!
Ai! quem me dera
Pressui-lo seu amor!

Vós chamais-me paneleiro,
Ai, panelas ando vendendo;
Não há vida sem contrato,
É mundo, vamos vivendo...

Se chegar a ter amores,
Ai! há-de ser c'um paneleiro;
Ao sábado, coze a louça
E ao domingo tem dinheiro.

(Canção originária de Fazamões-recolha de Vergílio Pereira, Cancioneiro de Resende)

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Em conversa com "O Diabo", Anselmo Borges põe tudo em pratos limpos

Numa notável entrevista, concedida ao semanário "O Diabo", que a seguir se reproduz, Anselmo Borges pronuncia-se sobre o Natal e alguns temas candentes envolvendo a Igreja e o Mundo.
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O Natal transformou-se numa festa pagã sem qualquer significado religioso?

Não seria tão radical. Ainda há algumas referências de tipo religioso. Julgo que a maioria das pessoas ainda sabe que o Natal está relacionado com o nascimento de Cristo e há mais solidariedade nesta época.

Mas o consumismo desenfreado e a indiferença ética não têm desvirtuado o sentido da celebração do Natal?

Aí é que reside o problema. De facto, há uma concentração quase total nos presentes com espavento e no consumo. Desgraçadamente, não é só no Natal, pois trata-se de uma espécie de estado de espírito: o importante é ter e consumir. As novas “catedrais” são os hipermercados e as “capelas” são as lojas de luxo. Ora, Jesus foi tremendamente exigente em relação à riqueza não solidária: “Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro”.

Então, as pessoas não reflectem sobre o verdadeiro significado desta data...

Pelo menos, reflectem pouco. O Natal diz que Deus se manifestou em corpo e que, portanto, o ser humano deve ser respeitado em corpo. Ora, o corpo continua muito menosprezado: há um culto do corpo que revela algum mal-estar em relação a ele. Depois, o Natal mostra que mais importante do que o ter é o ser. Ora, como já disse, há uma concentração no ter e no consumismo. O Natal significa humildade e discrição – Deus manifestou-se de modo discreto numa manjedoura. Ora, nós hoje vivemos obcecados pelo aparecer e pela competição.

Quais são os seus maiores lamentos e preocupações nesta época?

Não sou muito de lamentações. Não começo, pois, por lamentos, porque, seja como for, quando a gente compara o nosso tempo com aqueles tempos em que se pensa que o cristianismo estava mais presente, temos de constatar que hoje há mais justiça social, já não há escravatura legal, as mulheres vão acedendo à igualdade de direitos.
Mas realmente esta é uma época em que grassa o egoísmo. A mim o que mais me preocupa é a banalidade rasante e a obturação das grandes perguntas pelo Humano e pelo sentido da existência.

O alheamento das pessoas em relação à Igreja acaba por representar um desafio para a instituição?

Devia representar. Mas com esta salvaguarda: o decisivo não é a instituição, mas as pessoas. A Igreja não existe para si, mas para servir os serres humanos. Deus não se revelou para que lhe prestemos culto, mas para que nos amemos e nos interessemos uns pelos outros e nos ajudemos a realizar a humanidade de todos, a começar pelos mais abandonados.

Nesta área, as igrejas e os seus chefes religiosos estão a fazer tudo o que podem para combater esta indiferença? Ou podem reconhecer alguma culpa neste afastamento?

Julgo que podem e devem. Fundamentalmente, porque, em vez de se anunciar o Evangelho, notícia boa e felicitante, prega-se muitas vezes um “Disangelho”, como dizia Nietzsche, isto é, um Deus que é uma má notícia. Há falta de abertura às questões – por exemplo, o preservativo, para evitar um contágio ou uma gravidez não desejada, há muito que não deveria constituir problema.

Quais são os maiores desafios que enfrenta o cristianismo nos dias de hoje para poder alterar os valores próprios desta sociedade consumista?

Os maiores desafios do cristianismo são os desafios lançados à humanidade em geral. Para enfrentá-los, os cristãos precisam, em primeiro lugar, de dar testemunho de uma humanidade boa, justa e feliz. Isto significa que as comunidades cristãs devem assentar em três pilares: fé reflectida, caridade-justiça, celebrações litúrgicas belas e iluminantes.

E a Igreja católica?

Será necessário, contra um centralismo teocrático, abrir-se à participação de todos; face a um clero envelhecido e muitas vezes desiludido, inventar outro tipo de líderes das comunidades; as mulheres devem ocupar o seu lugar em igualdade com os homens. Mas, claro, sem fé esclarecida, sem amor e sem mística, sem experiência do Deus vivo, não há cristianismo.

No seu texto para o Dia da paz, Bento XVI vai alertar para os dramas da Humanidade que ameaçam a paz e que colocam em risco o futuro das novas gerações. Na sua opinião, quais são esses dramas?

A guerra, o terrorismo, a multiplicação de países com armamento nuclear, o não respeito pelos direitos humanos, a incapacidade de diálogo entre culturas e religiões, o capitalismo neoliberal, o comércio de armas, a droga, a prostituição, a poluição, o perigo do mau uso das biotecnologias e da Internet, o fosso crescente entre os muito ricos e os muito pobres.

O que pensa da recomendação da Comissão Nacional de Eleições (CNE) para que “todas s manifestações gráficas e escritas que possam influenciar a forma como se vota”, nomeadamente símbolos religiosos, sejam retirados das assembleias de voto no dia 11 de Fevereiro?

Compreendo e aceito.

A Igreja deve participar activamente na campanha pelo “não” à despenalização do aborto ou deve abster-se?

Se por Igreja entender a chamada Igreja hierárquica, acho que ela deve anunciar claramente a sua doutrina sobre o assunto. Mas não estou a ver os bispos e os padres em manifestações de rua. A Igreja dirige-se fundamentalmente às consciências. Se por Igreja entender os fiéis católicos, digo-lhe: deverão agir de acordo com as suas convicções.

A maioria das mulheres portuguesas pretende votar a favor da despenalização do aborto no referendo de 11 de Fevereiro, de acordo com um estudo realizado pela Associação para o planeamento da Família (APF). Se o sim vencer, acha que vão acabar os abortos clandestinos?

Ninguém sabe se a maioria das mulheres vai votar a favor. Mas, se o sim vencer, não creio que os abortos clandestinos acabem, e as razões são várias: sentimento de culpa, algum estigma social...

Os católicos não serão recriminados se votarem ou se estiverem contra a doutrina da Igreja?

O voto é secreto e é doutrina comum da Igreja que a suprema instância moral é a consciência informada e bem formada.

Um mundo mais justo e uma sociedade sem pobreza e miséria é provavelmente um desejo unânime. Que balanço faz das políticas implementadas por este Governo concretamente ao nível da saúde, da educação, da solidariedade social?

Espero que não espere de mim um Programa de Governo. Eu não tenho a solução para tantos e gigantescos problemas, concretamente no quadro da globalização. Começo por dizer-lhe que julgo que a política é uma actividade nobre e tenho consideração pelos políticos que se dedicam à causa pública e ao bem comum. Como é evidente, não estou, com isto, a canonizar todos os políticos.
Indo à sua pergunta, penso que este Governo tem de modo geral tentado tomar algumas medidas urgentes e necessárias. Mas penso também que algumas poderiam ser mais bem negociadas: refiro-me nomeadamente ao nível da educação, onde é necessário um clima menos tenso.

Acha que este Governo tem contribuído para a justiça social? Tem havido preocupação com os mais desfavorecidos?

Aí é que está a questão. Penso que era Bismarck que dizia que com as Bem-aventuranças do Evangelho não conseguia governar a Prússia. Eu percebo isso, porque a política é a arte do possível. A política tem de harmonizar a eficácia e a justiça, e essa harmonização é muito complexa. Mas é evidente que é no sentido dessa harmonização que é preciso caminhar. As estatísticas dizem que Portugal é o país da União Europeia onde as assimetrias sociais mais se têm acentuado. É uma vergonha para nós todos enquanto cidadãos que haja dois milhões de pobres e duzentas mil pessoas com fome. Embora veja que há algumas pequenas tentativas de preocupação com os mais desfavorecidos, acho que temos de exigir eficácia no plano
económico-financeiro, mas sem abandonar os pobres e os velhos à miséria, concretamente no domínio da saúde e da segurança social.

terça-feira, dezembro 19, 2006

O último a sair que desligue a luz

Na semana passada, fui a algumas escolas do 1.º ciclo, muito próximas de Viseu. Escolas com muitas crianças, felizmente. E com uma característica comum: aumento de alunos com hiperactividade.
In illo tempore, havia três inibidores da hiperactividade: i) o longo percurso a pé de casa à escola, com o consequente desgaste de energias; ii) a autoridade inquestionável dos professores e iii) as refregas nos recreios. Os problemas disciplinares eram inexistentes. As aulas e as aprendizagens eram moduladas pela presença da palmatória.
Tempos passados em escolas já fechadas. Cujas memórias foram vandalizadas (algumas), como a das Lajes, retratada aqui. Espera-se que a documentação das recentemente encerradas, no concelho, seja devidamente tratada e arquivada. E que desliguem a luz, pois , segundo parece, ainda não foram dadas ordens à EDP para o fazer.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

G. D. Resende na frente

No passado fim de semana, o G. D. Resende derrotou o Farminhão por 5-1, continuando a liderar o grupo da 2.ª divisão distrital, com 26 pontos.

domingo, dezembro 17, 2006

"Qual é o Deus do Mediterrâneo?"

No passado dia 1, enquanto Bento XVI voava de Istambul para Roma, depois da sua visita à Turquia, estava a realizar-se, em Santa Maria da Feira, o V Simpósio "Sete Sóis Sete Luas", que teve como tema: "Qual é o Deus do Mediterrâneo?" Foram conferencistas Salman Rushdie, Cláudio Torres e eu próprio.
Anselmo Borges, aqui ao lado de Salman Rushdie ( sobre quem impende uma fatwa lançada pelo ayatollah Kohmeini), inicia assim o artigo no DN deste domingo, desenvolvendo o tema debatido no Simpósio acima referido. Link para a leitura do artigo.

sábado, dezembro 16, 2006

Verrina e troça nas vessadas

O rancho das Lajes
Dança o tiroliro
Traz no cimo do andor
Os c... ões do Palmiro

quinta-feira, dezembro 14, 2006

5.º aniversário do Douro como Património Mundial

Faz hoje 5 anos que a UNESCO declarou a região do Douro vinhateiro como Património Mundial. Foi o reconhecimento da identidade de uma paisagem, cultura e vinho, numa homenagem às sucessivas gerações que erigiram esta região como monumento único.
É obrigação preservarmos esta herança.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Matança do porco

Há dias, fui convidado para as exéquias da matança de dois porcos.Chegado ao local do crime, os bichos já repousavam em paz. Tudo feito segundo os cânones tradicionais, excepto a chamusca, que foi de maçarico.
O almoço foi lauto. Fartíssimo. Confeccionado ao lume, em potes de ferro e, no forno, em caçoilas de barro. Não faltou o imprescindível salpicão do paio.
Os convivas eram 24. Em Moumiz, cultivam-se afincadamente os laços familiares. Uma gratidão especial ao Sr. Aníbal, patriarca da família, e à Sra. Cecília Costa, um hino à simpatia. Meritíssimos donos dos bichos e responsáveis pelo repasto e convívio.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Mais escolarização e aquisição de habilitações para jovens/adultos

Já se encontra constituído, no âmbito dos Cursos EFA-EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS, o CRVCC (Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências), em funcionamento no Agrupamento Vertical de Escolas de Resende.
Assim, quem tem:
-mais de 18 anos e sabe ler e escrever...
-ao seu ritmo de aprendizagem...
-pode obter as habilitações pretendidas em horário pós-laboral (a combinar)...
- e tirar o 4.º ano (1.º ciclo) ou o 6.º ano (2.º ciclo).
Ninguém pode perder esta oportunidade.
Para mais informações, dirija-se à Sede do Agrupamento ou ligue para: 254 877 783/965 483 107/914 577 381.
Pode ainda falar pessoalmente com o Prof. Rui Rebelo, coordenador destes Cursos. Profissional muito empenhado, está facilmente contactável, pois dá aulas de natação às crianças do 1.º ciclo.
Pede-se a todos os responsáveis locais (dirigentes associativos, presidentes de junta e párocos...) que difundam esta iniciativa.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

G.D. de Resende no comando da 2.ª divisão

Com a vitória por 1-0 em Abraveses, o G.D. de Resende alcandorou-se ao primeiro lugar da 2.º divisão distrital.

domingo, dezembro 10, 2006

Anselmo Borges em Paus e no DN

Anselmo Borges passou este fim de semana em Paus (já cá tinha estado na semana anterior), tendo celebrado a missa do dia 8 na igreja paroquial. Além de desfrutar da amizade da família e dos conterrâneos, teve ainda ocasião de saborear, à lareira, as primícias provenientes da desmancha de um porco "recém-abatido". Por isso, há lugares a que se volta sempre.

1.º nevão na serra de Montemuro

A serra de Montemuro acordou ontem com um manto branco de neve. A estrada Bigorne/S. Cristóvão/Resende chegou a estar encerrada ao trânsito.
Hoje, de acordo com informação prestada às 14h15 pela GNR de Castro Daire e Resende, devido ao sol, que derreteu grande parte da neve, já é possível circular de automóvel.
Como caiu gelo durante a noite, é necessário aumentar a cautela nos sítios não expostos ao sol.

sábado, dezembro 09, 2006

Memórias de chuva e do outono

Vivi os dias de chuva como potenciadores de mais água. De mais vida. Apesar do incómodo, as pessoas viam na chuva a possibilidade de assistir às nascentes das águas e ao aumento dos caudais. Nunca ouvi dizer "já é chuva a mais". Mas antes "vem no tempo dela" ou "a chuva é oiro". Desde que descesse mansinha, era vista como uma benção.
Há dois acontecimentos que marcaram a minha memória dos grandes invernos. O nascimento do rio Celós (acima de Sta. Eulália/S. Martinho de Mouros) e a alegria pelo nascimento da água da Mó.
Como dantes, sinal da fecundidade da terra, estes dois nascimentos já ocorreram este ano.
Os soutos, cobertos de folhas, são uma imagem de marca dos meus outonos.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Novo Bispo de S. Tomé frequentou o Seminário de Resende

D. Manuel António Mendes dos Santos, natural do concelho de Castro Daire e recentemente nomeado Bispo de S. Tomé e Príncipe, frequentou o Seminário de Resende de 1971 a 1976. Já, no Seminário Maior de Lamego, veio a ingressar na Congregação dos Missionários Claretianos (link).

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Exposição de Cerâmica

No Posto de Turismo de Resende, encontra-se patente ao público, até ao próximo dia 23, uma exposição de Lurdes Gomes, designer gráfica e ceramista. Nascida na Penajóia, veio aos 11 anos viver para Barrô, prosseguindo os seus estudos em Resende. Mais tarde, foi estudar para o Porto, onde concluiu o curso de estilismo. Posterirmente, ingressou na Escola Artística de Artes Decorativas Soares dos Reis, onde enriqueceu os seus conhecimentos na área da cerâmica.
Nesta exposição, há oportunidade, entre outros aspectos, de admirar peças em porcelana pintadas à mão, bem como peças em argila (toscas), moldadas através de várias técnicas.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

O maior investimento de sempre no concelho

Com um investimento de 45 milhões de euros, terá início ainda este ano a construção do parque eólico, que ficará instalado na zona de Feirão e Panchorra, constituindo o maior investimento de sempre no concelho de Resende (ver mais aqui e aqui).

segunda-feira, dezembro 04, 2006

"Como sabem os crentes que Deus falou?"

Devido ao interesse do tema, reproduz-se, na íntegra, o artigo de Anselmo Borges no DN de ontem, domingo, a que, excepcionalmente, não é possível aceder através da edição digital desse dia:

"É-me por vezes penoso ter de participar em certos debates sobre a fé e a ciência. Porque os cientistas têm frequentemente a ideia de que a fé tem a ver com umas crenças indiscutíveis, porque cegas, em coisas e “verdades” abstrusas, de tal modo que quanto mais abstrusas mais religiosas e a fé seria tanto maior quanto mais cega.
A culpa nem sempre é deles, mas dos crentes que passam essa ideia. Pensa-se, de facto, de modo geral, que as religiões caem do céu, havendo até quem julgue que Deus revelou directamente verdades nas quais é preciso acreditar sem razões.
Ora, não é assim nem pode ser. Tudo o que é autenticamente religioso é resposta humana a questões e perguntas profunda e radicalmente humanas. Resposta verdadeiramente humana. A sua especificidade reside no facto de estar relacionada com Deus. Assim, um texto religioso tem sempre na sua base uma interpretação humana da realidade, da única realidade que há, comum a crentes e a não crentes. O que se passa é que o crente tem a convicção de que a realidade se não esgota na sua imediatidade empírica, e essa convicção não surge porque é crente, mas porque a própria realidade, para a sua compreensão adequada, lhe aparece incluindo uma Presença que não se vê em si mesma, mas implicada no que se vê. Mediante certas características -- a contingência radical, a morte e o protesto contra ela, a exigência de sentido --, a própria realidade se mostra implicando essa Presença divina como seu fundamento e sentido últimos.
Assim, como escreve Andrés Torres Queiruga, na estrutura íntima do processo religioso, “não se interpreta o mundo de uma determinada maneira porque se é crente ou ateu, mas é-se crente ou ateu porque a fé ou a não crença aparecem ao crente e ao ateu, respectivamente, como a melhor maneira de interpretar o mundo comum”.
A fé, no seu nível próprio, tem razões, de tal modo que está sujeita à verificação. Há Teologia, precisamente porque a fé exige o debate público. Aí, o agnóstico dirá que não vê razões para poder decidir-se. O ateu julga que as razões contrárias são mais fortes e, por isso, não crê. Para o crente, a “hipótese religiosa” é a que melhor esclarece as experiências e questões radicais postas pela realidade e pela existência: a contingência, as perguntas últimas pela vida e pela morte, a esperança, a exigência ética, o sentido da História.
A partir de uma experiência religiosa de fundo por parte do profeta ou do fundador religioso, desencadeia-se um processo vivo de aprofundamento, depuração e tentativas de maior compreensão da relação com o Divino, que dá origem a tradições religiosas ou religiões que acabam por sedimentar ou cristalizar em livros sagrados, considerados “revelados”.
Esse carácter “revelado” dos textos aparece de facto mais tarde, quando, mediante a reflexão, as gerações seguintes concluem que afinal aquela descoberta da presença de Deus na realidade foi possível porque o próprio Deus estava desde sempre a manifestar-se nela e a tentar dar-se a conhecer. O profeta ou o fundador descobriram o que Deus quer revelar a todos.
Assim, os novos crentes não aceitam a verdade da fé por via autoritária. Eles próprios a comprovam. Paradoxalmente, é o que acontece no domínio científico: todos tinham visto as maçãs a cair, mas só Newton “caiu na conta” da lei da gravidade; porém, uma vez descoberta, todos a aceitam, não por causa de Newton, mas porque todos podem comprová-la.
Andrés Torres Queiruga, o teólogo que de modo mais penetrante tentou esclarecer esta questão, chamou a esta compreensão “maiêutica histórica”. Sócrates chamou maiêutica ao seu método de descoberta da verdade: como a sua mãe, que era parteira, ajudava a dar à luz os bebés, assim ele ajudava os seres humanos a dar à luz a verdade de que estavam grávidos. Na verdade religiosa, há os profetas e os fundadores das religiões, que foram os primeiros a tomar consciência da verdade. Mas, após essa descoberta, ouvindo-os e acompanhando-os, outros se podem dar conta por si mesmos da mesma verdade.
Portanto, Deus manifesta-se, mas nunca directamente, sempre e só indirectamente. Jamais alguém viu ou falou directamente com Deus. Por isso, os livros sagrados não são um ditado divino – são Palavra de Deus em palavras humanas. Quer os seus autores quer os seus leitores escreveram e lêem com uma pré-compreensão, isto é, no quadro de pressupostos históricos e culturais, interesses e expectativas. Portanto, a sua leitura nunca pode ser literal, pois implica sempre uma interpretação."

Mais uma vitória

Neste fim de semana, o G.D. de Resende. venceu, em casa, o Maiorense por 6-0.

domingo, dezembro 03, 2006

Domingo chuvoso

A chuva, hoje, não deu tréguas, mesmo na apanha de diospiros e outros mimos.
Era este o caudal do ribeiro, que passa sob a ponte Cavalar, às 15h30 de hoje, em altura de chuva intensa.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Pontos de vista

Somos férteis em "decretar" traumatismos em crianças, disfuncionalidades em famílias e solidão nos mais velhos. Mais patente nestes, quando saiem de casa e se sentam em bancos de jardins. Caso as pessoas (velhas ou não) vão para uma esplanada ou para um café "passar o tempo", torna-se mais difícil a rotulagem de solidão. Preconceitos.
Este senhor da foto não está à espera de autocarro. Abriga-se do vento e do frio, algures no concelho, para melhor ver quem passa e apreciar o panorama. Como numa esplanada ou num café.