O presépio, cá em casa, sempre teve um papel importante, havendo a preocupação para que fosse obra de todos, sobretudo dos mais novos. A começar pela apanha do musgo até ao retoque final, mesmo que não resultasse em obra-prima.
O modo como se constrói o imaginário pode influenciar o rumo de uma vida. A luz pode sempre acender-se, indicando caminhos.
O presépio é a representação de uma história fantástica, a realização do maravilhoso na pessoa de um Menino, a tentativa mais conseguida da humanização de Deus, que nos era recontada nas cantigas de imbelar, como esta (a seguir reproduzida), originária de Córdova/Paus, que ainda ecoa no nosso imaginário.
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O Menino vai no berço
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O menino vai no berço,
Embrulhado no cobertor,
Os anjinhos vão cantando:
Louvado seja o Senhor!
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Os meninos estão no berço,
Embalando S. José,
Os anjinhos vão cantando:
"Glória Pátria Dominé"!
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O meu menino Jesus,
Capitão da Santidade,
Divino Embaixador
Da Santíssima Trindade!
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Ó meu menino Jesus,
Que tendes na mão, que cheira?
A camisa do menino,
Que veio da lavadeira.
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(Do Cancioneiro de Resende, compilado por Vergílio Pereira, 1957)