Motivos da região de Resende inspiraram e estão presentes em vários romances de Eça de Queirós. É natural, pois o mesmo conhecia muito bem a nossa terra, pelas múltiplas visitas que cá efectuou na companhia do conde de Resende. A título de exemplo, o grande romancista elege Feirão como a primeira paróquia do jovem Padre Amaro, antes de ser tranferido, passado uns meses, para Leiria. Vale apena transcrever o registo mais significativo: Dois meses depois Amaro foi nomeado pároco de Feirão, na Gralheira, serra da Beira Alta. Esteve ali desde Outubro até ao fim das neves. Feirão é uma paróquia pobre de pastores e naquela época quase desabitada. Amaro passou o tempo muito ocioso, ruminando o seu tédio à lareira, ouvindo fora o Inverno bramir na serra. Pela Primavera vagaram nos distritos de Santarém e de Leiria paróquias populosas, com boas côngruas. Amaro escreveu logo à irmã contando a sua pobreza em Feirão; ela mandou-lhe, com recomendações de economia, doze moedas para ir a Lisboa requerer. Amaro partiu imediatamente. Os ares lavados e vivos da serra tinham-lhe fortificado o sangue; voltava robusto, direito, simpático, com uma boa cor na pele trigueira." |
Feirão é ainda referida mais algumas vezes, no início do romance, como sendo uma paróquia pobre e rural, mas com efeitos positivos na saúde do Padre Amaro.
Embora com poucos pastores e sem casas de colmo, será que Eça de Queirós ainda reconheceria Feirão, se ´"cá" voltasse?