O sol sempre constituiu uma entidade deslumbrante, sendo simultaneamente fonte de estupefacção e de receios.
É luz, calor e vida. Os nossos antepassados, elevando-o à categoria de divindade, adoraram-no. Os nossos pais e avós veneraram-no. Ainda os vimos, em sinal de respeito, a tirar o chapéu, quando a claridade e os raios solares milagrosamente chegavam. Por instantes, as lides paravam.
O sol era uma referência fundamental. Era a partir da sua passagem, por exemplo, que estavam (e ainda estão) estabelecidos os turnos de pertença das águas.
A lua, a segunda figura dos corpos celestes no nosso imaginário, é uma espécie de madrinha encantatória, que estabelece ciclos vitais com influência nas marés, nos nascimentos e nas culturas. É, portanto, também fonte de fascínio.
Em noites de lua cheia, a mesma emprestava a todo o vale de Paus um manto de luz e de serenidade inconfundíveis. Em que tudo era de tal maneira audível e visível que levava à aparição e projecção de sons, seres e figuras inexistentes, mas bem reais. Este vale foi a primeira e, para alguns, a única sala de cinema.
O sol e a lua sempre tiveram mais encanto na minha terra. E o firmamento sempre teve mais estrelas em Paus, porque o cimento da cidade não as deixa ver.
Por isso , foi em S. Cristóvão que vi o eclipse solar.