O que leva a transportarmo-nos, de forma continuada, para as paragens onde nascemos, brincamos, crescemos, aprendemos as primeiras letras?
Por que é que S. Cristóvão, a serra das Meadas, o vale de Paus, S. Martinho de Mouros, Resende e o Douro nos habitam de forma primacial?Por que é que os caminhos por onde andámos, os colegas, a escola, a igreja, as vindimas, o alambique, as desfolhadas povoam a nossa imaginação?
Por que é que as coisas menos boas são hoje boas?Recordo-me de Miguel Torga que também "padecia" deste mal.Viveu em S. Martinho de Anta até perfazer a 4.ª classe. Frequentou o Seminário de Lamego durante um ano. Permaneceu cinco anos no Brasil. Depois, foi para Coimbra estudar, onde fixou residência até morrer, em 1995. No entanto, apesar deste percurso, a ligação à terra de origem foi sempre firme. Deslocava-se à mesma várias vezes durante o ano (de forma sistemática, pelo Natal, Páscoa e em Agosto/Setembro). Escrevia frequentemente ao seu conterrâneo e amigo, Sr. P. Avelino, a perguntar pelo negrilho, no centro da aldeia, e pelo estado de duas plantas, junto à casa.
A propósito, convém referir que a nossa região, talvez aquando das deslocações à sua terra, serviu-lhe de inspiração a um poema, que localiza no Mezio, e a um texto dos seus diários, cujo mote é a paisagem serrana de Bigorne.Parafraseando Natália Correia, Resende, mais que um pedaço de torrão pátrio, é terra-mãe, é mátria.