sexta-feira, março 16, 2007

Rancho de Paus (3.ª parte)

Perguntas e Respostas

Quem são os responsáveis pelo rancho?
O presidente da direcção actual é António da Costa Branquinho, reformado e ex-funcionário da Câmara Municipal. Como diz não possuir dotes musicais nem de dançarino, tem dado o seu contributo inestimável na organização e logística das viagens e permutas com outros ranchos, sendo o elemento-chave na “intendência” do festival que se realiza em Paus, no primeiro domingo de Setembro.
A direcção artística cabe a Liseta Cardoso, funcionária do Hospital de Lamego, responsável pelos ensaios e preparação do grupo, que funciona como uma espécie de abelha-mestra, velando para que ninguém falte e criando motivação entre todos.

Qual é a origem da chula de Paus?
Segundo investigação do Dr. Joaquim Correia Duarte ( cf. para esta questão e seguinte e outros dados sobre o rancho, Resende e sua história, vol. 1 e 2), foi inventada, no início do século dezassete, por António Luís Ferreira ( “O Piranguinha”), ao som da rabeca chuleira que um tal José Serribas tinha trazido do Brasil.
Esta chula é hoje considerada a melhor do país, sendo interpretada por alguns dos melhores grupos de música popular, entre os quais o Grupo Victor Jara. “Vai-te embora, mês de Maio,/ Com tuas variedade/; Deixas campos de flores/ E a mim deixas soidades”. Assim começa a canção mais emblemática deste grupo.

Em que consistem os “cramóis”, interpretados pelo rancho?
Os “cramóis” (clamores) são antigos cânticos religiosos a 3 e a 4 vozes, que tinham lugar sobretudo nas procissões de penitência. Com o tempo, foram-se profanizando. O q mais antigo é o “Arrula, arrula…”, originário de Córdova, que era cantado a três vozes de mulher, depois das merendas, aos quais os homens das vessadas respondiam com apupos, sendo actualmente interpretado com grande mestria pelo rancho.

Quais são os trajes e personagens representativos e os instrumentos da “roquesta”?
O rancho procura ser fiel aos trajes usados ainda no século dezanove no âmbito das diversas actividades e posições sociais. Assim, há figurantes caracterizando pessoas em trajes de dias festivos, pastores em dias de chuva, podadores do Douro, barqueiros de barcos rabelos, trabalhadores do campo e artesãos.
Com algumas alterações ao logo dos anos, a “roquesta” tem integrado rabecas, cavaquinhos, violas, guitarras, concertinas, castanholas, ferrinhos e bombo.

Como é que chegaram até nós as danças e cantares?
Até há poucos anos, as cantigas ao desafio nas vessadas e desfolhadas eram uma constante, sendo pretexto para fazer uso do reportório antigo e para recriações. Todas as rogas de vindimas e algumas podas integravam músicos para animar as noites e as sovas das uvas, onde se interpretavam músicas tradicionais. E, apesar da orientação em contrário de alguns padres, nunca desapareceram os bailes de domingo nas eiras. São também de referir os cortejos de oferendas da festa das colheitas, pelo S. Miguel, ou quando se tornava necessário angariar fundos para obras da igreja, em que se organizavam ranchos pelas diversas aldeias num despique onde todos queriam ficar em primeiro lugar. Eram verdadeiras escolas de criatividade, inspiradas em danças e cantares do passado, cujas actuações eram objecto de crítica nas vessadas, com tiradas como esta: “lá vai Quintãs mais o santo S. Gonçola, /traz o Albino Peles, /deitado numa padiola.”

Contacto:
Rancho Folclórico e Etnográfico de Paus
Paus
4660-148 Resende
Telefone: 254 939 277 e 91 454 92 60