Transcrevemos o poema com que o Dr. Joaquim Correia Duarte terminou a sua intervenção no lançamento do seu último livro.
Isto não são Casas, amigos,
São Almas!
Brasões de pedra não são Fumos...nem Aragens
São Pessoas!
Os muros tombam
As grandezas declinam
E o sol morre tristonho em cada tarde, nos distantes horizontes!
Os corpos adormecem
As flores murcham e expiram
O sangue endurece e congela
Os melros calam-se
As andorinhas ausentam-se
E o coração, um dia, recusa-se a bater!
As pedras desmoronam-se com o tempo
As glórias vãs fenecem ao so-pôr
E as vaidades secam céleres como o orvalho da manã.
Mas as almas estão de pé
E não morrem...
Nunca morrem!
Onde estais agora, vós, senhores?
Onde estais?
Já não há sinais de passos nos vossos terreiros...
Nem charretes que vos levem a outros destinos...
Nem serviçais de libré a servir as vossas mesas...
Nen cavalos ajaezados nas vossas cavalariças...
Não há enleios amorosos nos vossos jardins...
Nem olhares lânguidos e furtivos nos vossos janelões...
Nem liças ou duelos de brigões ou espadachins...
Desapareceram os capelães de Vossas Senhorias...
O cravo, a harpa e o piano já não se ouvem mais tocar
Não há mais bailes solenes nos vossos salões de luxo...
Nem Missas Dominicais nas vossas capelas privadas...
Nem caseiros e rendeiros a entrar e a sair p'ra fazer contas...
Convosco...tudo se foi!
Tudo ficou vazio...mudo...triste...parado...e sem sentido...
Onde estais, senhores, agora...onde estais?
Onde estais, que não voltastes mais?