Anselmo Borges finaliza desta forma o seu artigo no DN de hoje, que pode ler aqui.
Após este aperitivo, vale a pena ler o discurso que Bento XVI tencionava partilhar com a comunidade académica da Universidade La Sapienza. É uma reflexão sobre a natureza e o papel da razão e da verdade. Chama a atenção para a importância do reconhecimento da experiência e da demonstração que atravessa as gerações e dos fundamentos da sabedoria como sinais de racionalidade e de significação perene. No quadro de uma racionalidade anti-histórica, adverte que a sabedoria da humanidade, onde se inclui a tradição histórica das grandes religiões, pode ser lançada impunemente para o caixote do lixo da história das ideias.
Compartilha o perigo de, face à grandeza do saber e do poder do ocidente, se pôr de parte a questão da verdade. O que pode e parece estar a acontecer é a razão estar a curvar-se perante as pressões dos interesses e a atracção da utilidade, deixando de erigir a verdade como critério último. Assim, a filosofia pode degradar-se em positivismo e a teologia, cuja mensagem se dirige à razão, pode confinar-se à esfera privada de um grupo mais ou menos numeroso. O Papa conclui que uma razão preocupada em demasia com a laicidade, confinada à auto-construção sobre a base do círculo dos seus próprios argumentos e limitada à reflexão exclusiva sobre o que acontece no momento destrói as raízes que a deveriam fazer viver.
Pode ler aqui na íntegra o discurso vertido em francês, já que o site do Vaticano o disponibiliza em alemão e italiano.
Há mentecaptos que dizem e escrevem as maiores barbaridades sobre Bento XVI, apesar de nunca terem lido um capítulo de um livro de sua autoria, uma encíclica ou um seu discurso.