Sei bem o que é o deslumbramento espelhado no rosto. Vivia connosco e foi adoptado pelo destacamento militar de Chiluage/Angola um rapaz do quimbo (aldeia), surdo-mudo, que era uma espécie de mascote do grupo. Um dia pedi ao piloto do avião de reabastecimento militar para o incluir na viagem de volta para Henrique de Carvalho (actual Saurimo). A viagem e o confronto com a cidade constituíram um deslumbramento para este rapaz cujos horizontes eram a vida no mato. Os gestos e as emoções disseram tudo. Foi uma transfiguração o que vi naquele jovem.
Admiro-me com as respostas relativamente às preferências de "celebridades" quando interrogados sobre as cidades que mais os fascinaram. Incluem Lisboa, Paris, Nova Iorque, Barcelona..., mas estranhamente nunca vi ninguém referir uma cidade portuguesa do interior. Não é o meu caso. A cidade que mais me deslumbrou foi Lamego. E continua a fascinar. Como poderia se diferente para uma criança que vinha de uma terra que estava parada no tempo? Retenho a primeira ida à festa de Nossa Senhora dos Remédios, tinha eu 7/8 anos. Saí de Paus com o meu pai por volta das 19 horas de um dia 7 de Setembro.Subimos pelo Fornelo acima até ao alto da serra das Meadas e descemos depois até Penudo, tendo como horizonte o grande luzeiro da cidade de Lamego. Seguimos pela carreira de tiro até ao Santuário, onde chegamos por volta das 22 horas. Descrever o que vi a partir do cima da escadaria e o que senti pela noite dentro é impossível.
Vou muitas vezes a Lamego. Não perco uma visita por altura dos Remédios (ainda hoje não há romaria como esta). É a cidade onde nasceu o meu pai, onde viveram os meus tios e onde residem primos meus. É a cidade de Nossa Senhora dos Remédios, cuja devoção herdei dos meus familiares. Foi no então Liceu Latino Coelho que fiz o 5.º e 7.º anos. Foi no Santuário que casei.
Admiro-me com as respostas relativamente às preferências de "celebridades" quando interrogados sobre as cidades que mais os fascinaram. Incluem Lisboa, Paris, Nova Iorque, Barcelona..., mas estranhamente nunca vi ninguém referir uma cidade portuguesa do interior. Não é o meu caso. A cidade que mais me deslumbrou foi Lamego. E continua a fascinar. Como poderia se diferente para uma criança que vinha de uma terra que estava parada no tempo? Retenho a primeira ida à festa de Nossa Senhora dos Remédios, tinha eu 7/8 anos. Saí de Paus com o meu pai por volta das 19 horas de um dia 7 de Setembro.Subimos pelo Fornelo acima até ao alto da serra das Meadas e descemos depois até Penudo, tendo como horizonte o grande luzeiro da cidade de Lamego. Seguimos pela carreira de tiro até ao Santuário, onde chegamos por volta das 22 horas. Descrever o que vi a partir do cima da escadaria e o que senti pela noite dentro é impossível.
Vou muitas vezes a Lamego. Não perco uma visita por altura dos Remédios (ainda hoje não há romaria como esta). É a cidade onde nasceu o meu pai, onde viveram os meus tios e onde residem primos meus. É a cidade de Nossa Senhora dos Remédios, cuja devoção herdei dos meus familiares. Foi no então Liceu Latino Coelho que fiz o 5.º e 7.º anos. Foi no Santuário que casei.
De Lamego ficou-me esta tradição, este impulso de dar uma volta a pé após o jantar nos dias mais amenos e quentes do ano. Felizmente Lamego continua a andar na rua.