A serra de Montemuro transporta-me para a envolvência das coisas primordiais, em que os olhos vêem para além dos limites físicos e das barreiras naturais e os ouvidos ouvem para além do dizível. É a participação num outro logos que ao caos imprime ordem, silêncio e perenidade.
Na serra, as palavras estão a mais. Só importa escutar as vozes do silêncio, descobrindo de onde vêm e o que dizem.
À serra de Montemuro volto sempre. Para purificar os meus organizadores mentais e para sentir a grandeza a partir dos cumes.
Desta vez, escolhi descer pela estrada em direcção a Ovadas/S. Cipriano. Das encostas galgam agora levadas de água, tendo como sentinelas a altivez dos penedos.