sexta-feira, março 15, 2013

RESENDE VAI FAZER 500 ANOS*


No próximo ano de 2014, mais propriamente no dia 14 de Julho, o nosso município vai celebrar quinhentos anos de história.
Efetivamente, o concelho foi criado pelo rei D. Manuel I, em “Carta de Foral” assinada em Lisboa, em 16 de Julho de 1514. No Museu Municipal, existe cópia autêntica de tão precioso documento.
Como é sabido, Resende foi uma das mais importantes “Honras” (senhorio privilegiado de fidalgos) do Reino, até finais do século XV.
O espaço geográfico da Honra, de acordo com as Inquirições de D. Afonso III (1258) onde são enumeradas todas as suas vilas e lugares, abrangia as atuais freguesias de Resende e Felgueiras, e grande parte da freguesia de Cárquere.
Na posse da ilustre família de Egas Moniz de Ribadouro, a “Terra” de Resende recebera privilégios e isenções de Honra, das mãos Afonso Henriques, pouco depois do confronto de S. Mamede (1128), em reconhecimento da indiscutível lealdade de Egas Moniz para com o ambicioso jovem que viria a ser o primeiro rei de Portugal.
Como se sabe, os senhores de Resende tinham capela funerária ou pantheon privado no mosteiro de Santa Maria de Cárquere, onde ainda hoje se podem ver as suas arcas tumulares.
Tendo falecido o senhor D. Vasco Martins de Resende, o último descendente de Egas Moniz na posse da Honra, em Julho de 1473, sem geração conhecida nem descendentes diretos, o rei D. Manuel aproveitou a situação para criar em Resende um concelho no lugar da antiga Honra, tendo em vista a arrecadação de direitos para a Coroa, que antes pertenciam aos donos da Honra.
Por ser talvez, nesses tempos, o lugar mais populoso e mais central, o concelho ficou com sede no lugar de Safões, e logo depois no de Vinhós. Como símbolo da autonomia do concelho, aí devem ter erguido os nossos antepassados o seu pelourinho, e aí foi construída a primeira Câmara que englobava prisão e tribunal.
Frei Teodoro de Melo, natural do Enxertado, escrevia no início do século XVIII: “no sítio por cima de Safões, no vale que chamam da Forca, conserva o nome que nele havia e Pelourinho junto com a Casa da Câmara que, sem estes, se mudou para Vinhós…”
Assim sendo, sem certamente ser necessário fazê-lo, alerto as nossas autoridades e todos os bons resendenses, para a preparação entusiasta de uma tal efeméride, que deve evidenciar as grandezas do nosso passado e preparar um novo arranque para o nosso futuro, que desejamos cada vez mais digno do que fomos e cada vez mais promissor para os que vierem viver aqui, depois de nós.
Já agora, a este propósito, peço licença para fazer já um alvitre:
Já que não temos nem nunca vimos o nosso importante e majestoso “pelourinho”, até porque a sede do concelho há muito está em Sangens, que tal erguermos no centro da nossa vila um simples mas elegante obelisco comemorativo, e darmos ao atual Largo da Feira o nome de Praça do Município?
Com toda a humildade de resendense do coração, deixo aqui registada esta ideia que há muito tempo me vem saracoteando na cabeça.
*Artigo da autoria do Padre Dr. Joaquim Correia Duarte, publicado no Jornal de Resende, edição de Fevereiro de 2013