No próximo ano de 2014, mais
propriamente no dia 14 de Julho, o nosso município vai celebrar quinhentos anos
de história.
Efetivamente, o concelho foi
criado pelo rei D. Manuel I, em “Carta de Foral” assinada em Lisboa, em 16 de
Julho de 1514. No Museu Municipal, existe cópia autêntica de tão precioso
documento.
Como é sabido, Resende foi uma
das mais importantes “Honras” (senhorio privilegiado de fidalgos) do Reino, até
finais do século XV.
O espaço geográfico da Honra, de
acordo com as Inquirições de D. Afonso III (1258) onde são enumeradas todas as
suas vilas e lugares, abrangia as atuais freguesias de Resende e Felgueiras, e
grande parte da freguesia de Cárquere.
Na posse da ilustre família de
Egas Moniz de Ribadouro, a “Terra” de Resende recebera privilégios e isenções
de Honra, das mãos Afonso Henriques, pouco depois do confronto de S. Mamede
(1128), em reconhecimento da indiscutível lealdade de Egas Moniz para com o
ambicioso jovem que viria a ser o primeiro rei de Portugal.
Como se sabe, os senhores de
Resende tinham capela funerária ou pantheon privado no mosteiro de Santa Maria
de Cárquere, onde ainda hoje se podem ver as suas arcas tumulares.
Tendo falecido o senhor D. Vasco
Martins de Resende, o último descendente de Egas Moniz na posse da Honra, em
Julho de 1473, sem geração conhecida nem descendentes diretos, o rei D. Manuel
aproveitou a situação para criar em Resende um concelho no lugar da antiga
Honra, tendo em vista a arrecadação de direitos para a Coroa, que antes pertenciam
aos donos da Honra.
Por ser talvez, nesses tempos, o
lugar mais populoso e mais central, o concelho ficou com sede no lugar de
Safões, e logo depois no de Vinhós. Como símbolo da autonomia do concelho, aí
devem ter erguido os nossos antepassados o seu pelourinho, e aí foi construída
a primeira Câmara que englobava prisão e tribunal.
Frei Teodoro de Melo, natural do
Enxertado, escrevia no início do século XVIII: “no sítio por cima de Safões, no vale que chamam da Forca, conserva o
nome que nele havia e Pelourinho junto com a Casa da Câmara que, sem estes, se
mudou para Vinhós…”
Assim sendo, sem certamente ser
necessário fazê-lo, alerto as nossas autoridades e todos os bons resendenses,
para a preparação entusiasta de uma tal efeméride, que deve evidenciar as
grandezas do nosso passado e preparar um novo arranque para o nosso futuro, que
desejamos cada vez mais digno do que fomos e cada vez mais promissor para os
que vierem viver aqui, depois de nós.
Já agora, a este propósito, peço
licença para fazer já um alvitre:
Já que não temos nem nunca vimos
o nosso importante e majestoso “pelourinho”, até porque a sede do concelho há
muito está em Sangens, que tal
erguermos no centro da nossa vila um simples mas elegante obelisco
comemorativo, e darmos ao atual Largo da Feira o nome de Praça do Município?
Com toda a humildade de
resendense do coração, deixo aqui registada esta ideia que há muito tempo me
vem saracoteando na cabeça.
*Artigo da autoria do Padre Dr. Joaquim Correia Duarte, publicado no Jornal de Resende, edição de Fevereiro de 2013