domingo, novembro 02, 2008

Dia de Fiéis Defuntos

Recordo-me vagamente dele, do meu avô Anselmo. Vejo-o a ser transportado para as Lajes, em cima de uma padiola, já gravemente doente. Pouco tempo depois, veio a falecer. Desta morte longíqua, a primeira de um familiar próximo, guardo apenas a memória de um entardecer calmo com o P. Tobias, então pároco de Paus, a rezar o terço com um grupo de pessoas, junto aos restos mortais, como forma de vigília, solidariedade e fé na vida eterna.
Depois, em cada ano, no dia de Todos os Santos, à tardinha, íamos ao cemitério arranjar a campa, colocar um jarro de flores e acender um lampião de azeite. Ficou-me desse tempo a expressão de recolhimento das pessoas. E da pose serena da minha mãe. O toque a finados ajudava a criar uma atmosfera de silêncio e de saudade.
É o dia de homenagem aos pais que tudo deram e fizeram por nós, aos familiares, aos vizinhos, aos amigos, a todos, que partindo nos foram deixando órfãos, mais pobres e menos acompanhados. É o reencontro com o percurso da(s) nossa(s) vida(s). É o reencontro com todos aqueles que, precedendo-nos, não morreram, pois ajudam-nos a dar um sentido à existência.