Estávamos em Janeiro de 1972. Preparámos tudo o que era indispensável para a longa viagem rumo à guerra de Angola. Saímos apressados para apanhar a camioneta em Sto António, junto à Ponte de S.Martinho de Mouros. Carregados, o trajecto a pé demorava cerca de meia-hora. Já depois do Lugar, devido ao adiantado da hora e ao passo apressado, chegou-se à conclusão que era melhor a minha mãe voltar para trás.
Para que doesse menos, foi uma despedida rápida, em que não dizendo nada, dissemos tudo.
Em passo ainda mais apressado, a minha irmã e eu retomámos o caminho. Passados uns segundos, instintivamente, virei-me para trás. E os nossos gestos e os nossos olhares coincidiram, pois, nesse mesmo instante, a minha mãe acabava também de se voltar para trás. E dissemos um longo adeus. Passados alguns instantes, tornei a viarar-me para trás. E os nossos gestos e olhares coincidiram. E uma vez e outra vez e uma última vez.
Já, em Angola, compulsivamente, quantas vezes, nas estradas, caminhos e picadas, olhei para trás à espera que ela lá estivesse..., mas não estava. Mas este gesto reconfortava-me, pois talvez servisse para esconjurar medos e fantasmas.
Em Junho de 1974, regressei tranqilamente. Ao contrário de muitos, a tropa e a guerra em Angola tinham constituído uma experiência sem traumas.
Depois de chegar às Quintãs, voei para o Soito ao encontro da minha mãe. Ao ver-me, disse: Marinho, e desmaiou.
Contudo, no modo como disse o meu nome, disse o que faltava dizer. Disse todos os compêndios de ternura. Disse uma vida. Disse tudo.
Para que doesse menos, foi uma despedida rápida, em que não dizendo nada, dissemos tudo.
Em passo ainda mais apressado, a minha irmã e eu retomámos o caminho. Passados uns segundos, instintivamente, virei-me para trás. E os nossos gestos e os nossos olhares coincidiram, pois, nesse mesmo instante, a minha mãe acabava também de se voltar para trás. E dissemos um longo adeus. Passados alguns instantes, tornei a viarar-me para trás. E os nossos gestos e olhares coincidiram. E uma vez e outra vez e uma última vez.
Já, em Angola, compulsivamente, quantas vezes, nas estradas, caminhos e picadas, olhei para trás à espera que ela lá estivesse..., mas não estava. Mas este gesto reconfortava-me, pois talvez servisse para esconjurar medos e fantasmas.
Em Junho de 1974, regressei tranqilamente. Ao contrário de muitos, a tropa e a guerra em Angola tinham constituído uma experiência sem traumas.
Depois de chegar às Quintãs, voei para o Soito ao encontro da minha mãe. Ao ver-me, disse: Marinho, e desmaiou.
Contudo, no modo como disse o meu nome, disse o que faltava dizer. Disse todos os compêndios de ternura. Disse uma vida. Disse tudo.