Nesta conferência aberta a todos os interessados, subordinada ao título "A Morte e a Ética", Anselmo Borges falou da morte como a grande interrogação do homem, da visão histórica como a morte foi sendo encarada e percepcionada e da morte como fonte da ética.
Em linguagem acessível, sempre seguido com muito interesse, Anselmo Borges começou por referir que os rituais funerários são a demonstração de que o homem é um animal especial. "O homem define-se pela consciência da morte", disse. "A morte é o indizível, o impensável, que obriga a pensar; nos cemitérios não existe nada, a não ser a interrogação".
Actualmente, a morte é tabu. "O homem é omnipotente na racionalidade dos meios. Vivemos a racionalidade dos meios, para outros meios e assim sucessivamente". Assim, a morte é vista como o fracasso supremo. Por isso, é escondida e ignorada. Só se fala nela em sentido neutro e abstracto, sendo neste caso objecto de livros e de congressos. Mas, num tempo de afirmação da individualidade, a angústia da morte acompanha-nos sempre.
O ser humano, ao contrário de outros animais, caracteriza-se pelo facto de nascer frágil, dependente e aberto ao processo de desenvolvimento, pelo confronto com experiências de liberdade e pela consciência da mortalidade. Ora desta consciência nasce a vulnerabilidade e a compaixão; a consciência de que afinal somos todos irmãos. Neste sentido, a consciência da mortalidade é fonte da ética.
Refira-se que o Encontro Nacional de Linhas de Apoio decorreu em Coimbra, no passado sábado e domingo, e foi organizado pela Linha SOS Estudante (Secção Cultural da Associação Académica de Coimbra), que disponibiliza uma linha telefónica de apoio emocional e prevenção ao suicídio, diariamente das 20h à 01h - 239 484 020 - 969 554 545 - 915 246 060.