A ciência e a filosofia
marcaram presença ontem, à noite, no Casino da Figueira da Foz, num debate, protagonizado por António Onofre (Professor de Física da Universidade do Minho e
colaborador no CERN) e Anselmo Borges, e moderado por Fátima Campos Ferreira.
Esta
iniciativa, muito participada, teve como
objectivo comemorar o Dia Mundial de Filosofia.
Anselmo Borges começou por
referir que a Bíblia não nos ensina como funciona o Universo. A Bíblia é um
livro religioso sem pretensões científicas.
Neste debate, falou-se do bosão
de Higgs, de partículas, do método experimental, de leis cientificas, da razão,
das razões para acreditar, do sentido de
todos os sentidos, do Infinito, do Mistério, da questão de Deus.
António Onofre manteve
sempre o seu discurso auto-centrado no mundo da ciência, no qual gravitam os
seus interesses, a sua exclusiva curiosidade, a sua “microvisão”. À pergunta se
não o intrigava o mistério da morte, respondeu: “Não sou insensível perante a morte, mas não faz parte da ciência”.
E à pergunta se não o intrigava um corpo morto, respondeu: “Intriga-me mais um corpo vivo”.
Anselmo Borges, numa
referência a Aristóteles, salientou que o cientista não tem o exclusivo da
curiosidade, pois todos os seres humanos são curiosos, gostam de conhecer. O
homem é provocado por múltiplos interesses e é um ser que questiona. Se não o fizer, regride para o homo faber “A questão de sentido coloca-se
a todos”, referiu. O homem ao perguntar-se pelo Mistério, pelo Infinito,
transporta em si algo de Infinito, que o transcende e é fundamento da sua
dignidade. Nesta sequência, falou ainda dos contributos do cristianismo para a
génese da nossa concepção de igualdade (“todos os homens são filhos de Deus”) e
do homem enquanto sujeito de direitos.
Como remate, convém
esclarecer que não há qualquer conflito entre a concepção cristã do mundo e a
ciência, como bem destacou Anselmo Borges. “No princípio era o Logos/Razão (o Verbo)…”, o que significa
que o mundo tem uma dimensão racional, logo investigável.