sexta-feira, novembro 22, 2013

Ciência e Filosofia em debate no Casino da Figueira da Foz

 A ciência e a filosofia marcaram presença ontem, à noite, no Casino da Figueira da Foz, num debate,  protagonizado por António Onofre (Professor de Física da Universidade do Minho e colaborador no CERN) e Anselmo Borges, e moderado por Fátima Campos Ferreira.  Esta iniciativa, muito participada,  teve como objectivo comemorar o Dia Mundial de Filosofia.
Anselmo Borges começou por referir que a Bíblia não nos ensina como funciona o Universo. A Bíblia é um livro religioso sem pretensões científicas.
Neste debate, falou-se do bosão de Higgs, de partículas, do método experimental, de leis cientificas, da razão,  das razões para acreditar, do sentido de todos os sentidos, do Infinito, do Mistério, da questão de Deus.
António Onofre manteve sempre o seu discurso auto-centrado no mundo da ciência, no qual gravitam os seus interesses, a sua exclusiva curiosidade, a sua “microvisão”. À pergunta se não o intrigava o mistério da morte, respondeu: “Não sou insensível  perante a morte, mas não faz parte da ciência”. E à pergunta se  não o intrigava  um corpo morto, respondeu:  “Intriga-me mais um corpo vivo”.
Anselmo Borges, numa referência a Aristóteles, salientou que o cientista não tem o exclusivo da curiosidade, pois todos os seres humanos são curiosos,  gostam de conhecer. O homem é provocado por múltiplos interesses e é um ser que  questiona. Se não o fizer, regride para o homo faber “A questão de sentido coloca-se a todos”, referiu. O homem ao perguntar-se pelo Mistério, pelo Infinito, transporta em si algo de Infinito, que o transcende e é fundamento da sua dignidade. Nesta sequência, falou ainda dos contributos do cristianismo para a génese da nossa concepção de igualdade (“todos os homens são filhos de Deus”) e do homem enquanto sujeito de direitos.
Como remate, convém esclarecer que não há qualquer conflito entre a concepção cristã do mundo e a ciência, como bem destacou Anselmo Borges. “No princípio era o Logos/Razão (o Verbo)…”, o que significa que o mundo tem uma dimensão racional, logo investigável.