O jornal Público tem vindo a divulgar no suplemento P2 “100 Tesouros da Arte Sacra Nacional”. O de hoje é uma estátua do séc. XVIII, em madeira talhada, dourada, estofada e policromada, 63,5x39cm, que integra o rico património da diocese de Bragança-Miranda. Na representação, Nossa Senhora-menina debruça-se sobre o livro que está no colo da mãe, parecendo não se limitar a ouvir, pois faz um gesto de entendimento, como refere o Público.
Só há relativamente pouco tempo soube, pelo Anselmo, que existe uma imagem semelhante sobre o mesmo tema na sacristia do Santuário dos Remédios, em Lamego, como pode ser testemunhado pela foto. Esta representação simboliza muita coisa: que Nossa Senhora, apresentada como exemplo de sabedoria, discernimento e de busca de aperfeiçoamento, aprendeu a ler com o objectivo sobretudo de melhor poder interpretar e compreender as Escrituras (presume-se). Mas foi exemplo que não fortificou no seio da Igreja, pois, neste aspecto, foi amplamente cultivada e incentivada a iliteracia bíblica, o que talvez ajude a explicar a retirada destas imagens para as sacristias ou outros locais discretos. Esta (relativa) ignorância e falta de debate relativamente à Bíblia não ajuda nada a ler criticamente e de forma esclarecida o “Último Segredo”, de José Rodrigues dos Santos.
Anselmo Borges defende a existência da cátedra do estudo da Bíblia nas Universidades Portuguesas, tal como acontece na Alemanha. E não tem fugido ao debate, como aconteceu no Encontro Regional dos Antigos Alunos da Sociedade Missionária da Boa Nova, realizado no passado domingo em Valadares, e que pode ver e ouvir aqui.