sexta-feira, julho 04, 2008

70 anos do P. Tomás Borges

O P. Tomás faz hoje 70 anos. Tenho sempre algum pudor em falar da família, porque o que a caracteriza está para além da amizade. Esta vai-se construindo e fortalecendo, muitas vezes às mesas dos restaurantes ou nas esplanadas dos cafés, bebendo uns finos e falando da situação. Mas há sempre uma fronteira naquilo que podemos dizer, partilhar ou pedir. A família está para além. É uma vida, é uma história comum. É uma estirpe. Na nossa, na minha família, cada elemento engrandece e completa os cinco. E hoje foi um dia grande. O decano atingiu os 70. Estivemos todos em Valadares para comemorar o feito.
No passado domingo, foi objecto de uma homenagem dos amigos que fez na paróquia do Fomento (dos arrabaldes da então Lourenço Marques), fundada por si. Após o 25 de Abril, estes ex-paroquianos vieram para Portugal, continuando a ser uma comunidade. O elo que os continua a unir é o P. Tomás. O cimento para tanta amizade é o P. Tomás. Reúnem-se anualmente. Desta vez, em Fátima. Compareceram mais de 60 pessoas.
O P. Tomás é uma boa pessoa. E basta. Eu sei que dizer "boa pessoa" parece inócuo. Hoje, é uma designação que em vez de classificar, desclassifica. No entanto, até há pouco tempo, atingir o estatuto de "boa pessoa" era raro: uma pessoa confiável, acima de qualquer suspeita, recta, com uma vida honrada, contribuindo para o bem dos outros. Mas mais. O P. Tomás foi e é uma pessoa muito competente naquilo que fez, naquilo que faz. E muito qualificada. E completamente dedicada. Por isso, com apenas 27 anos já era Vice-Reitor do Seminário Maior.
O P. José Tomás Borges nasceu em 04-07-1938 em Paus. Em 30-9-1949, entrou no Seminário das Missões de Tomar (da então Sociedade Missionária Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas, hoje Sociedade Missionária da Boa Nova), sito no Convento de Cristo. Após ter passado pelos Seminários de Cernache do Bonjardim e Cucujães, foi ordenado sacerdote neste último Seminário em 28-07-1963. A "Missa Nova" foi celebrada em 4 de Agosto desse ano, na igreja de Paus, tendo sido um dia memorável para as gentes de então. O almoço para familiares e convidados foi servido na casa paroquial. Nesse mesmo ano, foi nomeado prefeito e professor do Seminário de Cernache, onde permaneceu um ano lectivo (1963-64). No ano lectivo seguinte, em 1964-65, foi prefeito e professor dos filósofos (Seminário de Cucujães). Em 1965, ascendeu a Vice-Reitor do Seminário Maior de Cucujães e prefeito dos teólogos, tendo exercido estas funções durante dois anos lectivos. Em 1967, foi nomeado como missionário para a então região de Lourenço Marques, onde permaneceu até 1984. Durante este período, foi padre coadjutor da Paróquia da Catedral, acumulando com as funções de professor e assistente eclesiástico de vários movimentos, padre da paróquia do Fomento, que fundou em 1968 (mais concretamente em 24 de Junho), capelão militar (1969-71), 2.ª vez padre na Paróquia do Fomento (1972-81) e finalmente padre em Moamba, Sabié e Ressano Garcia (no Sul, junto à fronteira com a África do Sul). Em 1984, regressa a Portugal, tendo sido prefeito dos teólogos durante o ano lectivo de 1984-1985, no Seminário de Valadares. No ano lectivo seguinte (1985-86), é Director do Ano de Formação. Por sua vez, entre 1986-1990, é o Vigário Geral da Sociedade Missionária, tendo acumulado entre 1986-1988 com as funções de Reitor do Seminário Maior de Valadares e a partir de 1988 com as funções de Director do Ano de Formação, em Tomar e Cucujães, prolongando-se as mesmas até 1995. Nesse ano, entra de "sabática", tendo frequentado em Roma um curso de actualização teológica. Em 1997, é nomeado promotor vocacional, em cujas funções permanece até 2002. Desde esse ano até agora, tem sido o Director Espiritual do Seminário Maior de Valadares.
Este é em síntese o seu currículo, que integra funções da maior responsabilidade.
Temos pelo P. Tomás, que nos precede em tudo, um carinho especial. Por isso, o ano de 2013, em que perfaz 75 anos e celebra o 50.º aniversário da sua ordenação sacerdotal, foi declarado pelos seus quatro irmãos "ano tomasiano", a celebrar obrigatoriamente em Paus.