Tradicionalmente, em quase todas as culturas, o início do ano e respectivos festejos coincidiam e celebravam as mudanças de estação. O calendário era regido pelos equinócios e solstícios e fases da lua. A escolha da celebração do Natal em 25 de Dezembro foi a solução eficaz e inteligente para substituir uma festa pagã romana por uma festa cristã. A partir dessa altura, deixou de fazer sentido festejar a passagem do ano.
Assim, até há relativamente pouco tempo, nas nossas aldeias festejava-se o Natal e o dia de Reis. A mundividência mais laica da sociedade, a urbanização crescente e a alteração de estilos de vida e de valores permitiram o reaparecimento da componente "pagã" das festividades do fim do ano.
Como filho do mundo rural, a noite de 31 de Dezembro não tinha para mim qualquer significado. No dia 1 de Janeiro, desejava-se Bom Ano. E era tudo. O novo ano que chegava era perspectivado sem ilusões, no âmbito de uma visão cíclica da vida, em torno das estações do ano, das fases da lua, da chuva e do sol.