"Em que é que ela (a proletarização) consiste? Numa total perda de autonomia, até ao ponto em que a actividade do professor deixou de ser uma actividade intelectual. A partir desse momento, a autoridade do professor - que, aliás, para existir é necessário que esteja integrada num sistema que a detenha - ficou completamente arruinada. O sinal mais óbvio dessa proletarização - aquele onde é exibida pela máquina governamental com uma clara intenção de humilhação - é o horário de trabalho. Dantes, o trabalho do professor compreendia o tempo controlado (o tempo lectivo) e o tempo autónomo, que ninguém conseguia avaliar exactamente a quanto correspondia - dependia do treino, dos escrúpulos, da responsabilidade e do sentido de missão do próprio professor".
António Guerreiro, Professores, proletários, missionários, Ípsilon/Púlico, de 21 de Junho de 2013