Os produtores de cereja do concelho de Resende, no norte do distrito de
Viseu, preveem que se o bom tempo se mantiver a produção deste ano terá
qualidade e quantidade.
Depois de, no início deste mês, ventos fortes terem destruído grande
parte da cereja que estava madura, as perspetivas são agora mais
animadoras.
"O mau tempo destruiu-nos 60% da cereja mais precoce. Mas, no que
respeita à serôdia, se o tempo continuar assim, o prejuízo ficará entre
os 20 e os 30%, porque ainda estava numa fase mais verde", explicou à
agência Lusa o presidente da associação de promoção CER Resende --
Cerejas de Resende, Rogério Silva.
Também o presidente da Câmara de Resende, Garcez Trindade, disse
estar otimista e acreditar que no Festival da Cereja, a realizar no
último fim de semana deste mês, haverá muita cereja de qualidade para
vender.
"Tivemos um tornado que deu cabo da primeira cereja. Esta é a região
do país onde há cereja mais cedo e foi essa que foi abalada. Mas,
felizmente, iremos ter um bom ano de cereja", considerou.
As primeiras cerejas de Resende a serem colhidas são as da zona ribeirinha ao Douro e, só mais tarde, as da zona serrana.
O microclima duriense dá à cereja de Resende uma das suas principais
vantagens, que é a de conseguir chegar ao mercado duas semanas antes do
que a do resto do país.
Rogério Silva, que tem 24 hectares de cerejeiras, explicou à Lusa que
a colheita da cereja mais precoce está prestes a terminar e que em
breve se iniciará a das outras variedades.
O pico da colheita da cereja acontecerá a partir do dia 25, num
concelho que, anualmente, produz "entre 3.500 e 4.000 toneladas" deste
fruto.
"Comecei a apanhar cereja há 15 dias e pretendo fazê-lo até meados de
julho, se o tempo deixar. Mas uma só noite é suficiente para destruir o
esforço de um ano inteiro", lembrou.
Segundo o presidente da Câmara de Resende, no Festival da Cereja
estarão entre 130 e 140 produtores. Na edição do ano passado foram
vendidas 100 toneladas de cereja durante o fim de semana.
Atendendo à importância que a cereja tem para a economia local, a
autarquia quer aproveitar as possibilidades de financiamento do novo
quadro comunitário, através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR).
"É um trabalho que irá iniciar-se em Resende no sentido de fazer
algum ordenamento da produção da cereja, com o objetivo principal do
aumento da escala de produção, para que haja possibilidade de passarmos à
fase da internacionalização, do registo e certificação da marca",
explicou Garcez Trindade.
Paralelamente, acrescentou, há também o objetivo de melhorar a
qualidade da cereja, com o apoio técnico e científico da Universidade de
Trás os Montes e Alto Douro.
"Há toda uma estratégia que estamos a iniciar no sentido de
projetarmos ainda mais a cereja de Resende, porque efetivamente é o que
mais contribuiu para o desenvolvimento económico do nosso concelho",
frisou.
* Fonte: Agência Lusa (AMF // SSS)