quinta-feira, dezembro 29, 2005

Bom Ano de 2006


Daqui de Paus, cuja igeja se encontra mais bonita, pois as paredes exteriores foram recentemente caiadas, desejo a todos os Resendenses um Feliz 2006.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Memórias dos meus Natais em Paus

Passei os meus primeiros onze anos de vida (nasci em 1950) num registo totalmente diferente do que hoje se passa. Sem estradas, telefones, luz eléctrica, rádio, televisão e, claro, sem água canalizada e saneamento básico. A pobreza (ou melhor, a miséria) era generalizada. A dependência dos pequenos e médios proprietários rurais era quase total. Muitas famílias sobreviviam, endividando-se. A minha, apesar de tudo, podia considerar-se priveligiada, pois o meu pai era "artista", a minha mãe ganhava algum dinheiro com o comércio de ovos, sendo ainda donos de dois pequenos soitos e duas pequenas courelas.
O Natal desse tempo era antecipado pela montagem do presépio na igreja pelas catequistas, em que as crianças colaboravam. Era com uma alegria contagiante que procurávamos e transportávamos o musgo, que iria dar corpo à magia que pouco a pouco se ia revelando. No final, ficava estupefacto perante a maravilha encantatória: a gruta, o menino com os pais, o burrinho, a vaquinha, os pastores, as ovelhinhas, os reis magos, as estrelas, o lago com os patinhos...
A tarde do dia 24 descia calma. Ainda hoje tenho a sensação que as pessoas andavam mais satisfeitas. E tenho a impressão que o fumo saía das casas com mais intensidade.
O meu pai não trabalhava ou terminava o trabalho mais cedo. E trazia figos secos e pinhões que jogava connosco, enquanto a minha mãe fazia as "fatias paridas" e cozinhava as batatas com bacalhau e troncha. Depois do jantar, íamos à missa do galo, finda a qual, já em casa, nos agurdava uma açorda (feita com os restos do bacalhau e troncha), "fatias paridas" e vinho quente.
No dia 25, havia uma refeição melhorada, sem sopa, como na consoada, o que era motivo de grande contentamento.
No Natal desse tempo, não havia pai-natal, árvores de natal nem prendas. Sendo assim, por que é que recordamos com saudade os Natais da nossa infância? Talvez, porque reconhecemos ter sido presenteados com a dádiva do possível, vinda da família, da catequese e da escola, geradora, apesar de tudo, de um ambiente propício ao fantástico.

domingo, dezembro 25, 2005

Votos de um Santo Natal

" Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamenro,
Para aplacar-me a dor que me traspaça,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores
A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores."

Manuel Maria Barbosa du Bocage
(Setúbal, 1765-1805)

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Tributo ao Sr. P. Dr. Joaquim Correia Duarte

Na sequência da publicação do mais recente livro, o romance Uma Carta Que Chegou Tarde Demais - O Drama de Um Bom Padre, desejo tecer algumas considerações sobre o seu autor, P. Dr. Joaquim Correia Duarte:
1. Resende tem para com ele uma dívida de gratidão pelas monografias já publicadas, cuja importância é incalculável para a memória, história e fortalecimento da identidade do nosso concelho, não esquecendo também o pioneirismo dos seus roteiros e guias;
2. Sob um outro prisma, as gentes de Paus não esquecem a sua dedicação pastoral e a sua acção em prol do desenvolvimento da freguesia, em múltiplas áreas.
O que tem feito impõe-se por si mesmo.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Início do Inverno

Contemplação, no primeiro dia de Inverno, de castanheiros, que ajudei a plantar na Mó (Paus), com a estrada serpenteada na altura inexistente.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Algumas notas sobre o "Drama de Um Bom Padre"


O primeiro romance da autoria do P. Dr. Joaquim Correia Duarte, que li com muito interesse e prazer, suscita-me, numa primeira reflexão, os seguintes comentários e opiniões:
1. É uma história bem urdida que retrata as origens, as vivências e os percursos dos padres das aldeias das décadas de 50 e 60 do século passado: filhos de pais pobres, colocados em aldeias isoladas e com poucas condições, comprometidos na fé, solidários com os problemas e dramas das pessoas e frequentemente expostos à maledicência;
2. As alterações ocorridas no percurso do P. Alfredo são condicionadas, quase todas, por questões afectivas e de solidão, ou seja, motivadas pelo "gineceu";
3. A personagem principal, o P. Alfredo, é caracterizada como um sacerdote que claramente opta pelos pobres e pelos mais fracos, nas paróquias da então Metrópole, e pela defesa dos soldados e das vítimas da guerra, em Moçambique como capelão, em contraste com a posição maioritária e "oficial" da hierarquia portuguesa desse tempo;
4. Do romance perpassa uma imagem humanizada do padre, com muitas qualidades e algumas fraquezas, nunca guindado à qualidade de herói;
5. Os seminários são frequentados por crianças e jovens como os outros, com se depreende das muitas histórias e episódios, aliás muito divertidos, e que prendem o leitor;
6. Há uma preocupação pelo rigor, o que leva o seu autor a utilizar falas e expressões de acordo com os diversos contextos;
7. O enredo e a(s) história(s) têm verosimilhança.

domingo, dezembro 18, 2005

Incursão do P. Dr. Joaquim Correia Duarte pelo romance

O P. Dr. Joaquim Correia Duarte tem-se distinguido, na área das letras, sobretudo pelo notável e laborioso trabalho de investigação histórica sobre o concelho de Resende. A sua obra, como produto cultural, irá permitir perpetuar a memória do concelho e dar mais consistência e riqueza à sua identidade.

Agora estreia-se na escrita de ficção com o romance Uma Carta Que Chegou Tarde Demais - O Drama de Um Bom Padre, que "... pretende retratar a figura do pároco das aldeias portuguesas, numa época de muitas carências e dificuldades no país e de grandes esperanças na Igreja Católica: as décadas de 50 e 60 do século passado. Nas vésperas do último Concílio", como se escreve na contra-capa.
O livro tem 335 páginas, apresentando uma Carta de Apresentação de J. F. Bouça Pires (pároco e monsenhor) e um Prelúdio de António Correia (advogado e escritor).
Os lucros da venda destinam-se à Santa Casa da Misericórdia de Resende. Este livro, também por este motivo, poderá constituir uma excelente prenda de Natal.

A sua aquisição poderá ser feita junto da Santa Casa da Misericórdia de Resende- 4660 Resende, cujo telef. e fax é 254 877 434/254 870 189 e e-mail: geral@scmr.pt

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Visita de Miguel Torga, em 1953, à Torre da Lagariça e locais envolventes

No seguimento do comentário de ontem, e para ilustrar as possibilidades que podem ser exponenciadas pelo roteiro queirosiano, transcreve-se o registo efectuado por Miguel Torga aquando da visita à Torre da Lagariça.
"Torre da Lagariça, freguesia de S. Cipriano, Resende, 30 de Setembro de 1953 - Ainda bem que vim a este desterro tirar a prova real às minhas conclusões de ontem(1).
Aqui o cenário natural corresponde inteiramente ao literário de A Ilustre Casa de Ramires. Desde o título da obra, tirado do nome da pequena povoação que fica em frente, à famigerada torre, sólida e carrancuda diante de mim, a Craquede, que é o arruinado mosteiro de Cárquere a dois passos, a Oliveira, caiada e tangível lá em baixo, quanto no livro é susceptível de identificação pode ser identificado. E no entanto... Chega a parecer feiteçaria: temos tudo e falta o essencial. Ou melhor: os lugares e as coisas estão animados de uma vida que a auscultação física não confirma. Uma presença oculta por detrás da realidade fá-la pulsar, sem que ela na verdade se mova. E essa força secreta não é senão o génio do romancista. É Eça a cometer façanhas encarnado em Tructesinho e a contá-las na pele de Gonçalo. Por isso, para que o romance se encontre, é preciso sabê-lo primeiro, trazê-lo de memória, colar cada página a cada pormenor da paisagem, que só então fica palpitante e habitada."
1) Refere-se à visita a Santa Cruz do Douro/Tormes
Para se ser rigoroso, o primeiro parágrafo (qualificação de desterro) terá de ser enquadrado na idiossincrasia de Miguel Torga e na sua visão de inquietude e de pessimismo perante o mundo, havendo também de ser remontado à época.
No entanto, ainda hoje, para obviar a sensação de desconforto dos visitantes, convém criar condições de atractividade, desigadamente através de novas e melhores acessibilidades.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Roteiro de Eça de Queirós, factor de atracção para Resende e Baião

De acordo com notícias veiculadas pela imprensa, a Região de Turismo da Serra do Marão irá potenciar as possibilidades oferecidas pelo roteiro queirosiano, integrando nos seus programas e iniciativas Tormes numa aposta de turismo cultural, cujo beneficiário é o concelho de Baião.
Como é evidente, este roteiro terá de envolver também Resende, pelas suas ligações familiares e afectivas do escritor a este concelho e pelas suas raízes inspiradoras, bem patentes em algumas das suas obras, cujas "marcas" referenciadas são a Igreja/Mosteiro de Santa Maria de Cárquere (Mosteiro de Carquede), Casa da Torre da Lagariça, Penedo de S. João (vista para Tormes), Solar da Casa de Vila Pouca (Quinta de Sta. Olávia) e Feirão.
Caberá aos responsáveis, vizinhos das duas margens do Douro, articular-se, em benefício mútuo, para possibilitar o roteiro completo aos interessados e pessoas a motivar.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Ainda a exposição na casa de turismo


Até ao próximo dia 15, ainda pode ver e apreciar estes e outros quadros e artefactos, alguns com motivos da nossa terra, como o acima designado As Curvas do Douro (em Resende), direccionados para públicos diversificados, incluindo crianças.



segunda-feira, dezembro 12, 2005

Integração das pessoas com deficiência

Comemorou-se, no passado dia 3 de Dezembro, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Que se saiba, não houve qualquer iniciativa institucional, a nível local, a registar a data, com o objectivo de sensibilizar os cidadãos para a problemática da deficiência.
Convém recordar que a Câmara Municipal tem incluído as crianças/jovens com deficiência nas férias desportivas e em outras iniciativas, no quadro da colaboração com a estrutura local dos apoios educativos.
Embora o alcance e resultados das comemorações de datas e eventos sejam questionáveis, o que importa é ir fazendo todos os possíveis para alterar as mentalidades e atitudes de toda a população para que aceite as pessoas portadoras de deficiência como iguais no acesso aos direitos consignados para todos, nomeadamente o direito à educação, o direito à igualdade de oportunidades e o direito de participar na sociedade. Em todas as iniciativas e esferas de actividade, o contributo de todos, incluindo os portadores de deficiência, é fundamental.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Uma questão de civismo


A vila de Resende está cada vez mais bonita.
A vista sobre o Douro é esplendorosa.

Só é pena que surjam pelo concelho casos como este (numa das saídas entre o campo de futebol e a igreja de Anreade), que constituem nódoas na paisagem.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Café Sangens ainda em obras

O emblemático café Sangens ainda não terminou a remodelação iniciada em Outubro, o que tem causado alguma "perturbação" a quem se habituou a este poiso.
Este café é como uma estação de serviço, englobando valências de abastecimento, encontro, logoterapia, leitura de jornais e troca de informações.
Esperando que a remodelação integre um padrão de maior funcionalidade e suscite, assim, mais atractividade, aguardamos para breve a reabertura.

sábado, dezembro 03, 2005

"Relance" junto a S. Cristóvão

Esta foto, de 27.11.2005, foi tirada junto à capela de S. Cristóvão


Relance

"Altas serras felizes
Que o sol doira de luz logo à nascença.
Que o céu olha de cima
Com ternura extensa
Da eternidade.
Que o vento anima
De movimento
E a neve cobre de alvacento
Manto de augusta serenidade."

Miguel Torga

Este poema, enaltecendo as serranias de Montemuro, foi escrito por Miguel Torga, aqui bem perto, no Mezio, nas vésperas de Natal de 1976, quando se dirigia para S. Martinho de Anta.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Pequenas surpresas em Caldas de Aregos

Apetece dar sempre um passeio por Caldas de Aregos. Ir dar uma vista de olhos pelo remanso do rio; aquecer as mãos com água sulfurosa; andar a pé ao longo da avenida arborizada; ou tomar um café ou bebida no simpatico Caldas Bar.
E há sempre uma pequena surpresa, origem para conversas e alguma animação. Neste caso, foi a queda, ontem, de mais um poste de iluminação pública.
Não se trata de vandalismo. Basta um empurrão, um pequeno toque e zás!
Há cerca de dois anos, pude testemunhar o espanto de uma jovem senhora, quando lhe disseram que acabara de derrubar um poste com o carro, com um pequeno toque, numa manobra de marcha atrás. No carro, não ficara o mais pequeno sinal.