O casamento supõe um contrato com objecto e natureza específicos. Relativamente aos homossexuais, defendo que o mesmo deverá ter outra designação (Maria Belém Roseira);
Onde há Livro (referindo-de às três religiões do Livro), há apropriação da Verdade, há fuNão há nenhuma moral que tenha em si o gérmen da compaixão. A moral não manda amar o próximo, manda respeitar o próximo (Paulo Rangel);
Conforme refere Derrida, o perdão é um milagre (Anselmo Borges);
As pessoas não se revêem em determinadas orientações da Igreja. Há dissonâncias entre a busca e a resposta que lhes é dada ou enviada (Maria Belém Roseira);
As religiões são ambivalentes: promovem o amor e a compaixão, mas também são fonte de ódios e de guerras (António Reis);
Cristo não discriminou as mulheres. Nos Evangelhos aparecem sempre co
Nós somos finitos, mas abertos ao Infinito. O ser humano anseia o Infinito e é isso que lhe dá dignidade (Anselmo Borges);
A Igreja tem uma perspectiva de um papel secundário e serviçal das mulheres, insistindo num modelo de desgraduação social (Maria Belém Roseira)
Leio-o e releio-o
O processo de revelação é lento. Os Apóstolos começaram por não perceber a sua mensagem. Mesmo S. Paulo não percebeu "verdadeiramente" algumas coisas do que escreveu. Ao afirmar: "Não há judeu nem grego, não há escravo ou livre, não há homem nem mulher", deveria tirar daí todas as implicações, afirmando: libertem os escravos (Paulo Rangel).
Resenha do debate
Anselmo Borges começou por agradecer a presença dos intervenientes da mesa e saudar todos os presentes
Seguidamente, fez a introdução ao debate, referindo que a questão da religião é constitutiva do ser humano. Porque somos confrontados com a morte, a questão última estará sempre presente e acompanhar-nos-á. Explicou os dois pólos que a fenomenologia da religião abarca, devendo ser estabelecida uma distinção entre religioso e sagrado: i) religioso enquanto pólo subjectivo, isto é , a atitude do Homem frente ao Sagrado ; e ii) Sagrado ou Mistério como pólo objectivo , referente último das várias religiões, e que se apresenta em múltiplas configurações: politeísmo, monismo, dualismo, fé num Deus Pessoal, transcendente e criador..Por isso, uma pessoa pode ser religiosa (isto é, vinculada ao Sagrado, ou seja, à Ultimidade
António Reis começou por recordar o contraste entre os anos setenta, em que estavam na moda os debates ideológicos à volta de temas como marxismo e cristianismo, e os tempos actuais, que se caracterizam pelo esgotamento das ideologias, em que predomina o relativismo materialista e a alienação do ser. Com a progressiva perda de influência das religiões institucionalizadas, referiu que a grande divisão coloca-se entre aqueles que põem a questão do sentido e os que não a põem, vivendo o im
Maria Belém Roseira chamou a atenção para preversidade das religiões enquanto portadoras de projectos de poder, em que o dogma se sobrepõe à razão e a autoridade à reflexão. Trouxe à colação os novos desafios que os avanços das neurociências (exemplificando com António Damásio) lançam com perplexidade à religião. Na sua perspectiva, à religião está reservado um campo de partilha de valores, respondendo à busca de sentido e fornecendo uma dimensão de eternidade. Lamentou que a Igreja esteja, em muitas situações, desfazada do tempo, por contraste com o cristianismo primitivo.
Paulo Rangel começou por evocar a Janela do (In)finito, um livro de sentido e cheio de sentidos, com "enclaves de ternura". Pode não resolver os grandes problemas filosóficos, mas brotam dele elos de proximidade. Confessou que o livro lhe forneceu um outro olhar sobre questões sobre as quais nunca tinha pensado ou lhe tinham passado ao lado (ateísmo de Deus, Jesus como pessoa racional, que pensa, e a explicação para a chamada traição e suicídio de Judas). Ao contrário de António Reis e de Maria Belém Roseira, referiu que não acredita na construção do ideal de uma moral universal, sendo a mesma insuficiente. Há dimensões de que a religião é portadora, como a compaixão, o perdão e o amor ("A ética é despida de amor", disse). Relativamente ao celibato dos padres e ao acesso das mulheres ao sacerdócio, perspectivou-as como questões geracionais às quais a Igreja se vai adaptar e dar resposta. Por fim, chamou a atenção para o facto de que a Igreja é
Nota final
As pessoas acorreram em grande número, tendo muitas delas assistido de pé ao debate. Sem ninguém ter arredado pé, terminou já perto da uma hora da manhã. Embora a maioria dos presentes fosse ou vivesse no Porto, havia entre a assistência gente de Braga, Barcelos, Lisboa, Coimbra, Lamego e até da Mad
eira. Sim. O "célebre" P. Martins veio propositadamente da Madeira.
Este foi um debate vivo, mas sereno, com alguns princípios a serem reafirmados por todos , como a laicidade, que pressupõe a manifestação pública da fé e o direito da(s)Igreja (s) expressar(em) livremente os seus pontos de vista.